Atritos III

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***Thales

Nunca antes, em toda a minha vida, eu havia entrado em atrito com a minha mãe... Não daquele jeito.

A conversa estava tomando um rumo ainda mais tenso do que eu imaginava. A situação parecia estar desmoronando. Eu não queria que terminássemos aquela conversa brigados, mas doutora Suzana não estava facilitando as coisas para mim. Quanto mais os minutos se passavam, mais ela me jogava contra a parede.

Eu estava mudo. Não conseguia pensar em uma maneira de responder a pergunta que ela havia me feito, sem parecer um total pervertido sexual.

Por mais que minha mãe sempre me demonstrasse apoio, me desse espaço e não interferisse na minha vida pessoal, era inegável o fato de como ela poderia ser conservadora em alguns aspectos mais delicados.

— Não vai responder à minha pergunta? Eu estou esperando! — Ela, pressionou-me um pouco mais. Naquele momento, ela estava com os braços cruzados e me encarava de forma intimidadora.

Respirei fundo, na tentativa de tomar coragem. Eu sabia que tudo que eu dissesse dali em diante, poderia ser usado contra mim por parte dela. Eu precisava ser o mais cauteloso o possível com as palavras.

— Mãe... — Hesitei. — Eu sei que está chateada comigo por causa do que aconteceu. Mas eu peço que procure entender o meu ponto de vista. Fiz o que julgava ser certo.

— Eu nunca, antes, duvidei da sua capacidade de tomar decisões corretas, Thales... Mas depois que fiquei sabendo disso, foi impossível não começar a me questionar sobre. — Seu olhar permanecia duro.

— Eu não quero que perca a confiança em mim. Eu ainda sou o mesmo Thales, porém, com a mente mais amadurecida. — Fui sincero.

— Mente mais amadurecida? — A mulher revirou os olhos. — Pois não parece! Para mim, você continua agindo como um adolescente. Estou decepcionada!

— Quem foi?! — Disparei.

— Quem foi o quê?! — Ela, obviamente, estava dando uma de desentendida.

— Sabe muito bem o que estou querendo perguntar, mãe! Eu quero saber quem foi que te contou sobre isso!

— Quem foi não interessa! Você não está em posição de fazer perguntas agora, rapazinho! Eu quero respostas! Pare de me enrolar e diga logo o que passou pela sua cabeça para fazer algo assim!!! — Doutora Suzana, estava irredutível.

Não haveria outro jeito, a não ser... Abrir totalmente o jogo com ela.

— Que Merlin me ajude! — Sussurrei, para que somente eu ouvisse.

— O que está resmungando aí?! — Ela arqueou a sobrancelha direita.

— Nada. — Sacudi, freneticamente, a cabeça em sinal negativo. — Vou te contar o que houve.

— Até que enfim! — Ela ergueu as mãos para o céu.

— Sem ironias, por favor? — Pedi, bastante desapontado.

— Vai! Fale logo de uma vez!

— O que aconteceu, foi o seguinte... — Fiz uma pausa, enquanto organizava as palavras mentalmente. — Eu sabia que Miguel nunca daria o braço a torcer. Também sabia que Rafael agiria da mesma forma. Você sabe como ambos têm as cabeças duras, os conhece a tempo o suficiente...

— E...? — Ela olhou-me com certo desdém.

— Eu decidi fazer o que fiz, para abrir os olhos dos dois. Queria aproximá-los ainda mais e fazê-los ter um contato mais íntimo, sabe? Um contato carnal. Se fosse esperar que isso acontecesse sem dar um empurrãozinho, nenhum dos dois tomaria iniciativa. Então, eu meio que intermediei.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Where stories live. Discover now