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***Gabriel

Aquele cenário familiar, de certo modo, me causou arrepios. Era inevitável, não relembrar de tudo que havia acontecido ali, há dezoito anos atrás...

Estar de pé, diante da imensidão daquele castelo, onde muitos acontecimentos perturbadores mudaram nossas existências para sempre, era como fazer uma viagem no tempo.

Não acredito que viemos parar no inferno outra vez! — Exclamei frustrado. Era impossível esconder o que eu estava sentindo naquele momento.

Eu também não acredito que estamos aqui de novo, após todos esses anos. — Concordou Susy, aparentemente, a mais indignada dali depois de mim.

Pessoal... — Quase que sussurrando, Zack, tentou amenizar a situação. — Tentem se controlar, por favor...

O Zack tem toda a razão. — Thales, usando um tom pacífico, falou. — Eu preciso que vocês se concentrem no que viemos fazer aqui. Não podemos baixar a guarda.

Félix, que estava a alguns passos atrás de mim, avançou lentamente em minha direção, pousou a mão sobre meu ombro esquerdo e disse:

Lembrem-se com quem estamos lidando... Qualquer vacilo que a gente der aqui, a missão estará completamente comprometida.

Já era início de tarde. O tempo estava totalmente nublado e turvo. Uma ventania moderada que parecia ganhar força a cada minuto que se passava, soprava, sacudindo as copas das árvores ao redor e causando estalos em seus galhos e troncos.

Estávamos a mais ou menos dois quilômetros da ponte que cruzava o lago e dava acesso à entrada principal do castelo de Pavel. Para a nossa sorte, talvez, a vegetação encobria nossa presença ali... Presença essa que, com toda a certeza, não era nada bem vinda.

Algo em mente? O que faremos agora? — Quis saber Susy, que fitou Thales com bastante atenção.

Deixem-me pensar por um momento, por favor... — Pediu o Mor.

Okay... — Falei de forma meio arrastada. Em seguida, ergui as duas mãos. — Mas devo te lembrar que, tempo não é algo que temos em abundância no momento. E, além do mais, tá mais do que na cara que isso é uma puta de uma armadilha pra colocar as mãos em você, cara!

É. Eu sei. — Concordou ele. — É exatamente por isso que preciso pensar. Não quero colocar vocês em risco cometendo erros amadores.

Tudo bem. — Novamente, arrastei o tom de voz ao concordar.

Depois daquela breve conversa, me afastei um pouco do grupo e sentei-me em uma pedra um pouco mais afastada deles. Fiquei os observando sussurrar à distância, enquanto mantinha a lateral direita do meu rosto pousado sobre a palma da minha mão.

Notando a minha ausência, Rafael não demorou muito a se juntar a mim. Ele caminhou em minha direção lentamente.

Quando já estava próximo o suficiente, o rapaz encostou as costas no tronco de uma árvore, colocou as mãos nos bolsos da calça e perguntou:

Pensando em quê?

Eu desviei o olhar dos outros para ele, fiz uma leve careta e respondi:

Meu parceiro, se eu te contar tudo que tá se passando pela minha cabeça, a tua explode!

Que isso, cara... Sei que ficamos afastados por muitos anos, mas... Somos amigos. Não foi isso que você disse antes de eu partir? Ou você não confia mais em mim.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Where stories live. Discover now