O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]

Sentimentos Confusos

***Rafael

Enfim, o grande e tão aguardado dia da posse de meus amigos, havia chegado.

A cerimônia estava programada para começar logo pela manhã. As festividades durariam, por praticamente todo o dia.

Aquele início de dia estava bastante turvo. As nuvens encobriam todo o céu de WorldHidden. Todas as pessoas tentavam se proteger do frio como podiam... Para onde quer que eu olhasse, os humanos nas ruas vestiam agasalhos super pesados e usavam protetores de orelhas. Olhar àquelas cenas,me davam a impressão de que a qualquer momento uma nevasca poderia começar a cair sobre a cidade.

Eu e Luna saímos antes dos outros da casa de Thales. O clima entre Miguel e eu, ainda permanecia bastante estranho... Meu amigo, tentava ao máximo, evitar qualquer tipo de contato comigo... Aquilo estava me destruindo por dentro. Não sabia mais o que fazer para que ele me perdoasse.

— Rafa... — A doce voz de Luna, chamou minha atenção.

A pequena moça, caminhava ao meu lado, tinha as duas mãos enfiadas nos bolsos de seu casaco grosso de tecido sintético. A frente de suas narinas, uma névoa era formada, conforme ela soltava o ar de seus pulmões.

Já estávamos caminhando faziam alguns minutos. Não demoraria muito até chegarmos ao nosso destino final: o prédio do Conselho.

— Sim? — Olhei-a de lado.

— Por que não quis esperar Thales e os outros, para irmos todos juntos para o castelo? — Questionou ela.

— Jura que está mesmo me fazendo essa pergunta?! — Repliquei.

— Ué... — Ela soltou o ar dos pulmões com mais força. — Eu não tenho o dom de ler mentes... Pelo menos, não que eu saiba!

— Danadinha! — Sorri, dando uma leve cotovelada em seu braço.

— Para de brincadeira e diz logo... Por que não quis esperá-los? — Insistiu ela, me afastando um pouco com o auxílio de seu antebraço.

Eu revirei os olhos, contorci os lábios, e respondi calmamente por fim:

— Você sabe que não estou no menor clima de ficar perto do Miguel, amiga. Ele não está dando o braço a torcer... Estou me sentindo um lixo perto dele. Nunca pensei que algum dia a pessoa que mais amo nesse mundo agiria dessa forma comigo!

Luna ficou em silêncio... Como a rua de acesso ao Conselho ainda estava bastante silenciosa naquela manhã, os único sons que eu conseguia ouvir eram dos nossos passos em atrito com o chão.

Depois de pensar por alguns breves minutos, minha pequena amiga aproximou-se de mim, entrelaçou seu braço esquerdo ao meu direito, e voltou a enfiar sua mão no bolso do casaco.

— Por que isso agora?! — Perguntei curioso.

— Nada. — Ela limitou-se a responder apenas o que julgava ser necessário.

— Como nada?! — Arqueei a sobrancelha direita, e a olhei sério. — Você não costuma ser grudenta assim... O que está tramando, hein?!

— Nossa!!! Por que me toma?! — Ela arregalou os olhos, em seguida pude notar um ar de deboche tomar conta de sua face. — Não posso mais demonstrar afeto pelo meu melhor amigo que tanto amo?!

Estreitei os olhos, fiz um minuto de silêncio, e por fim soltei:

— Sério, Luna... Desembucha!