Soberana

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***Thales

Mesmo estando em estado de choque, eu estava fazendo o possível para ajudar Beatriz a curar os feridos. Eu, ainda não havia conseguido dizer uma palavra sequer, desde que nos encontramos no grande salão do Conselho.

Quase não conseguia me lembrar de como havia chegado até ali. Eu estava anestesiado, com medo.

Olhei ao redor e vi muitas pessoas correndo de um lado para o outro, a todo instante. Todos com as melhores das intenções, dispostos a ajudar a socorrer nossos amigos feridos. Pelo que eu havia notado, até o momento, os que estavam em pior estado, eram Gabriel, Kaio e Fred.

Beatriz, estava ajoelhada ao lado de Fred, que estava muito ferido, deitado sobre um colchonete improvisado. As mãos da minha amiga brilhavam e tremiam, ao mesmo tempo em que ela executava um encantamento de cura. Mas, os tremores em suas mãos, deviam-se ao nervosismo, não qualquer outra coisa.

Já, eu, também executava o mesmo feitiço em Kaio, enquanto outros feiticeiros presentes, amparavam os outros feridos. Meus olhos ardiam, meu peito doía. Eu sentia uma enorme vontade de chorar.

Mesmo sem ferimentos visíveis a olho nu, eu sabia que o homem ali, em minhas mãos, estava em estado crítico. Com certeza, o feitiço que Pavel havia lançado contra ele, era bastante forte... Estava o matando rapidamente por dentro.

Ainda mantendo as mãos estendidas sobre o corpo de Fred, Beatriz, me fitou com olhos desesperados. Já deixando algumas lágrimas escaparem, ela perguntou, quase que gritando:

— Thales, por amor de Merlin!... O que foi que aconteceu?! Você sabe quem atacou eles assim???!!!

Estando muito tempo em silêncio, desde o nosso retorno, pra ser mais específico, aquele seria o primeiro momento que o som da minha voz seria ouvido naquele local:

— O Pa-vel, Bi-a... Ele vol-tou! — Gaguejei.

— O quê???!!! — Ela arregalou os olhos, demostrando ainda mais pânico.

— É isso! — Minha voz estava um pouco embargada. — Ele disse que ia atrás de todos que eu amava. Ele disse que tiraria tudo de mim! Está cumprindo o que prometeu!

— Mas como isso é possível?! Como aquele homem consegui voltar?! — Era visível o estado de choque da mulher.

Eu, também, ainda estava muito abalado. Não sabia ao certo se conseguiria dar continuidade àquela conversa, sem desabar totalmente.

Olhei ao redor. Minha visão, embaçada pelas lágrimas, vasculhava o grande salão em busca de Luna. Minha esperança era de que a moça pudesse me ajudar a esclarecer o que havia nos acontecido. Claramente, eu estava errado. Me dei conta disso, quando localizei a mesma perto de uma das grandes janelas, num canto mais afastado do gigantesco cômodo, sendo amparada por Rafael. Ela tremia e chorava, copiosamente, abraçada ao amigo.

Voltei a olhar para a mulher ao meu lado. Ela arqueou a sobrancelha direita, como se esperasse uma reposta minha. Desabei totalmente ao chão, meus joelhos não conseguiram mais sustentar o peso do meu próprio corpo. Não consegui mais executar o feitiço que poderia salvar a vida de Kaio.

— Ele... Ele... — Minhas lágrimas começaram a descer fartas. — Ele usou o corpo do meu irmão. Ele sacrificou o próprio filho, no propósito de voltar pra este mundo!

— O quê???!!! — Ela abriu ainda mais os olhos. — Que monstro doente e cruel!

— O Trav, Bia... Eu não sei se ele pode voltar... — Solucei. — Eu senti que, meu irmão estava morto no momento em que o vi.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Onde histórias criam vida. Descubra agora