Reencontros IV

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***Rafael

Luna foi a primeira a sair do quarto... Eu a segui logo em seguida.

Enquanto fazíamos o percurso pelo corredor até à escada que dava acesso ao térreo, não pude deixar de reparar no quanto a minha amiga se mostrava inquieta.

Tentando fazer com que ela não acabasse ficando ainda mais desconfortável, resolvi puxar conversa para mantê-la distraída do que estava por vir:

— Algo te preocupando?

— Você sabe que não sou muito de fazer amigos. Acho que você é a única pessoa com quem eu tenho contato tão próximo em muito tempo! Embora eu não consiga me lembrar do meu passado, eu tenho esta sensação.

— Não precisa se sentir acuada, Luna. Essas pessoas são legais. Ninguém aqui fará nada para te deixar magoada ou com medo. Eu os conheço muito bem... Todos são pessoas maravilhosas.

— Não duvido que sejam. Eu acredito em você, mas sei lá... Isso é algo meu. Com certeza eles irão começar a perguntar coisas do meu passado e o que eu vou dizer?! — Ela olhou-me de lado. Pude ver uma tristeza ser transmitida naquele olhar doce.

Uma das coisas que mais me deixava frustrado, era o fato de Luna não conseguir se lembrar de seu passado. Meu maior desejo era poder ajudá-la a recuperar suas memórias e descobrir quem ela era de verdade. Eu precisava fazer aquilo... Pelo menos, em WorldHidden, eu estava mais próximo de alguém que poderia me ajudar com aquele curioso caso de minha amiga... Beatriz.

— Pode deixar que eu te ajudo com isso. — Respondi pousando minha mão esquerda sobre seu ombro direito. — Só não diga nada. Se alguém fizer alguma pergunta sobre seu passado, deixa que eu respondo.

— Vai despejar ainda mais mentiras encima dos seus amigos?! — A moça me encarou pasma.

— Sou bom em esconder as coisas... O que posso fazer? — Dei uma piscadela.

— Você é péssimo, Rafael! — Ela revirou os olhos. — Vai acabar se enrolando ainda mais nas suas teias de mentiras!

— Faço qualquer sacrifício para te manter segura, Luna. E tem mais... Não quero que algumas pessoas saibam de seus dons especiais, pelo menos por enquanto! Principalmente aquele irmão do Thales. — Fui bem direto na minha colocação.

— Mas você está mesmo com birra do garoto, hein!? Por que isso?! Ele me pareceu ser tão gentil. Ele foi super fofo e educado comigo no quarto. Gostei dele. Senti muita empatia por ele.

— É... Eu percebi... — Franzi a testa, enquanto mordia o lábio inferior. — Quando cheguei no quarto, vocês pareciam estar numa conversa super animada e íntima.

— Para de bobagem! Nosso santo bateu, foi isso! Não tenho culpa se não se simpatizou com o Travis! Só tente não dar muita bandeira e, por favor, faça o possível para ser educado com ele na frente do Thales. Pode acabar magoando o cara que você gosta com algum comentário infeliz!

— Tá... Vou fazer o possível.

Apertamos o passo e descemos os degraus quase que em sincronia. Quando chegamos no térreo, Suzana, que estava sentada no sofá maior junto com Miguel, rapidamente se levantou e veio ao nosso encontro:

— Rafael, meu querido!!! Há quanto tempo!!!

A mulher me abraçou com firmeza. Quando recuou um passo, ela me olhou bem no rosto. Foi quando pude notar que, de certo modo, alguns anos a mais haviam sido acrescentados em sua bela aparência de mulher madura. Mesmo assim, Suzana continuava linda como sempre.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Where stories live. Discover now