Lembranças I

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***Rafael

Já faziam alguns dias que havíamos chegado à Snowland.

Quando parti do lugarejo, onde me escondi por vários anos, nem passou pela minha cabeça que, o motivo que fosse me fazer regressar, era uma possível catástrofe. Eu estava temendo por minha amiga. Depois de alguns dias passados, Luna ainda permanecia desacordada... Parecia estar em um coma profundo. Aquilo estava me destruindo por dentro.

Quando eu pensei que todos os meus problemas, enfim, começariam a se resolver, uma nova avalanche de catástrofes começou a me atingir. Eu não esperava por aquilo.

Minha pequena e, aparentemente, frágil amiga, continuava deitada próximo ao tronco do grande carvalho localizado ao centro daquela sala simples.

Já era noite. Félix havia ido colocar Íris para dormir. Minha única companhia, resumia-se a Beatriz.

Eu e a Mor, estávamos sentados na varanda. Observavámos a noite estrelada, porém fria. Cada vez mais, nossos dias pareciam estar se tornando mais longos.

Em certos momentos, eu sentia vontade de sumir, abandonar tudo. Queria me esquivar de todos os meus sofrimentos, que pareciam só se acumular. Meu ponto de apoio, estava sendo minha velha amiga. Nunca imaginei que eu e aquela mulher, que tanto me menosprezou no passado, pudéssemos nos tornar tão próximos. Tal aproximação, estava sendo muito importante para mim, estava me dando forças.

Dentre todos os meus conflitos internos, estavam Thales e Miguel. Eu não conseguia evitar de pensar nos dois. Eu me perguntava como estariam os dois rapazes depois do que aconteceu entre nós na noite da cerimônia de posse.

Em alguns momentos, Beatriz bem que tentava tocar sobre o assunto comigo, mas eu preferia me abster. Queria focar minha preocupação apenas no estado delicado em que Luna se encontrava, embora tal tarefa fosse quase impossível.

A Mor, estava sabendo muito bem respeitar a minha dor. Não insistia. Me dava o espaço que eu precisava para pensar, cuidadosamente, em tudo que estava me acontecendo.

Platinado. — Em um sussurro, a voz de Bia, fez com que eu emergisse de meus pensamentos.

A mulher estava sentada ao meu lado direito, e tinha o olhar fixo na linha do do horizonte, onde céu e terra se beijavam. Uma bela lua prateada surgia, iluminando aquela noite fria e melancólica.

Sim? — Perguntei sem a olhar. Também mantive meus olhos fixos naquela imagem esplendorosa.

Bem... — Ela pareceu hesitar. — Já se passaram alguns dias que estamos presos aqui e Luna não reage, temo por ela.

Engoli em seco ao ouvir aquelas palavras. Tudo que eu não precisava naquele momento, era ouvir coisas que me fizessem perder minhas esperanças.

Não diga isso, Bia! — Pedi. — Eu vou entender se quiser voltar agora... Te agradeço muito por ter nos trazido até aqui. Entendo que deve ter muitos afazeres, agora que é uma das principais responsáveis pelos assuntos do Conselho Dos Clãs. Se quiser ir embora com sua família, eu vou entender... Não precisa se preocupar conosco, eu ficarei aqui com Luna... Não arredarei o pé, até que ela acorde.

A mulher deu um meio sorriso. Em seguida, ela me atingiu com uma leve cotovelada e disse:

E em que momento eu falei que quero ir embora? Eu disse que ajudaria vocês, não disse?! Então, pare de colocar palavras na minha boca. Não vai se livrar de mim, assim, tão fácil!

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Where stories live. Discover now