Testemunhas De Um Dom

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***Gabriel

O desapontamento de Thales era visível em seu olhos. Lentamente, ele abaixou-se em minha direção, apanhou a menina em seus braços e voltou a ficar de pé.

Com todo o cuidado, o Mor colocou a criança sobre a cama. Ele ficou a olhando por alguns instantes antes de virar-se para mim novamente. Então, estendeu-me a mão oferecendo ajuda.

Assim que consegui me pôr de pé, após toda aquela confusão, ajeitei minha roupa amarrotada e o agradeci:

— Valeu pela ajuda!

Ele arqueou a sobrancelha direita, contorceu os lábios e disse:

— Me agradeça contando o que foi que eu acabei de ver aqui!

Todos no quarto permaneceram em silêncio absoluto. Beatriz, que estava sendo amparada pelo marido, foi a primeira a se manifestar após aqueles instantes de silêncio:

— Não era pra você estar aqui!

— Por que não?! — O rapaz, cruzou os braços. Estava aparentemente bastante indignado com o comentário da amiga.

— Para a sua proteção e a proteção de nossos interesses! — Respondeu, Bia, curta e objetiva, como sempre.

— Eu vi muito bem quando você tentou sair escondida, Bia! Ouvi uma conversa muito suspeito sua com o Plínio no grande salão... Eu estava no topo da escada, descendo para procurar por uma pessoa... — Ele estreitou os olhos. — Bem fiz eu em aparecer de surpresa por aqui! Estava muito óbvio que vocês estavam tentando me esconder algo! Você não sairia às pressas desse jeito, sem antes dar café da manhã à Íris!

— Amigo, se acalme... Nós não estamos fazendo nada de errado aqui. — A mulher tentou justificar.

— Não?! — Thales olhou para trás, onde a menina estava apagada sobre a cama suja de sangue. — Eu acho que já entendi o que está acontecendo aqui... Pareço tonto, mas não sou nem um pouco... Não mais!

— Só pra esclarecer uma coisa... — Zack, entrou na conversa. — Que fique bem claro: eu queria que a Bia te contasse sobre isso... Mas ela achou que não era uma boa idéia.

— Calado, Zack! — A mulher o olhou com cara feia. — Se eu disse que era uma má idéia, é porque realmente era! Agora está tudo perdido!

— Por quê?! — Quis saber Thales.

— Thales, olhe para essa garotinha!!! — Exclamou ela.

O rapaz, mais uma vez, mirou a criança. Ele voltou a olhar para a amiga com uma expressão de desgosto estampada em sua face. Depois de morder o lábio inferior com força, ele perguntou com uma certa insegurança evidente em seu tom de voz:

— Eu só preciso saber de uma coisa... Quem foi que fez isso com ela? — Ele desviou o olhar para mim. — Foi algum dos seus, Gabriel?

— Cara... — Eu respondi com toda a segurança do mundo. — Eu posso te assegurar que não. Eu não acredito que alguém do meu Clã seja capaz de ato tão abominável.

Eleonor, que estava um pouco mais afastada, aproximou-se do centro do quarto e dirigiu-se diretamente ao Mor:

— Inclusive, Bia tentou acusar de ser algum de nós que fez isso! Mas eu ponho a mão no fogo por qualquer um que mora debaixo desse teto! Também não acredito que qualquer um aqui seja capaz disso.

— Então quem pode ter sido?! — Thales franziu a testa. — Não restaram muitos de vocês... Todos que sabemos moram aqui, debaixo deste teto!

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Where stories live. Discover now