Devoção

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***Travis

Naquela noite, Suzana nem conseguiu jantar. Após ter terminado o preparo do mesmo, a mulher se recolheu ao seu quarto. Ela estava devastada pela notícia do término de seu filho e Miguel.

Eu também quase não consegui me alimentar, estava muito pensativo em como as coisas seriam dali em diante. Confesso que, ver Miguel abandonar a casa daquela forma, me deixou um pouco sentido.

Não poderia, de forma alguma, ser hipócrita ao ponto de dizer que não nutria uma certa afeição por aquele rapaz. Eu sabia o quanto ele era uma boa pessoa.

Depois de arrumar as coisas na cozinha, fui para a sala e me joguei no sofá. O ambiente estava silencioso e iluminando apenas pela luz de um abajur.

Deitei-me e fiquei mirando o teto por algum tempo. Várias coisas começaram a passar pela minha mente. Dentre essas coisas, os ataques misteriosos que estavam ocorrendo pela cidade. Ataques que, até então, ninguém tinha uma explicação plausível para dar.

Resolvi ver como Suzana estava. Embora eu tivesse planos a seguir, todos encabeçados pela minha tia, eu ainda me preocupava com o bem estar das pessoas que residiam naquela casa. Principalmente Suzana, que sempre me acolheu tão bem.

Subi as escadas e caminhei pelos corredores, até chegar em frente à porta do quarto da mulher. A mesma estava fechada. Dei algumas batidinhas, porém, não obtive resposta.

Resolvi insistir um pouco mais e bater com mais força. De novo, só recebi o silêncio de volta.

Eu sabia que, talvez ela quisesse ficar sozinha naquele momento tão delicado. Mas mesmo assim, algo me dizia para tentar com que Suzana desabafasse.

— Suzana! Você está bem?! — Ergui o tom da voz ao perguntar. Meu rosto, estava praticamente grudado do lado de fora da porta.

— Travis! O que foi?! — A voz abafada de Suzana, respondeu do lado de dentro.

— Eu só queria saber como você está... Está precisando de alguma coisa?! — Insisti mais um pouco.

— Obrigada por se preocupar comigo, meu anjo... Mas tudo que preciso agora, é ficar um pouco sozinha! Estou com uma enxaqueca terrível! — Eu sabia que ela estava mentindo.

Eu tinha certeza que ela não queria que eu a visse chorando. Miguel sempre foi como um filho para aquela mulher... E, sem sombra de dúvidas, a dor que ela estava sentindo naquele momento, era até maior que a do próprio Thales... Se é que ele estivesse realmente sofrendo.

Foi algo que comecei a questionar. Será que meu irmão estava sentido com aquele rompimento, tanto quanto sua mãe? Qual teria sido o real motivo por trás de tal decisão do rapaz? Não fazia muito sentido para mim. Será que ele havia descoberto seus reais sentimentos por Rafael, depois de ter ido para a cama com os dois rapazes?

Eu, de certa forma, ainda não conseguia acreditar que aquele garoto com cara de santinho, havia feito tal coisa. Era como se ele tivesse fugido totalmente de si... Como se um espírito da luxúria houvesse se apoderado do seu corpo e o obrigado a realizar uma tarefa que ele não faria estando em seu comportamento normal.

De uma coisa eu tinha certeza... Quando aquela história fosse revelada, cairia como uma bomba sobre todos que sempre o tratavam como uma divindade. Seria um enorme choque para cada um daqueles que sempre o tratavam com devoção.

Resolvi deixar Suzana em paz... Mas antes de me afastar por completo da porta, disse por fim:

— Se precisar de alguma coisa, pode me chamar! Estarei lá embaixo!

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Where stories live. Discover now