Noite

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***Thales

Eu estava sofrendo. Isso eu não poderia negar, nem que um milhão de anos se passassem. Mas eu tinha total convicção que, eu havia escolhido o melhor caminho... Tanto para mim, quanto para Miguel e Rafael. Nada de diferente poderia ser feito.

Cabia a mim tentar amenizar os estragos futuros, já que o passado era imutável.

Mais ou menos uma hora e meia após minha ligação, eu abandonei o alojamento e fui para a entrada principal do prédio do Conselho.

A noite estava bastante fria, o jardim estava pouco iluminado. Os sons noturnos me passavam uma sensação agoniante. O peso que eu estava sentindo em meu peito era enorme... Eu precisava desabafar com alguém... Eu sentia que, a qualquer momento, podia explodir se não me abrisse com alguém.

Desci os degraus da frente do castelo, caminhei até um banco de madeira, localizado próximo à um arbusto num canto mais ermo do jardim, e me sentei.

Fiquei alí, sozinho, em conflito com meus pensamentos e inúmeros sentimentos distintos.

Tudo que eu precisava, era ter a certeza de que eu havia tomado a decisão correta. Embora em alguns momentos eu estivesse certo de minha decisão, em outros, a dúvida voltava a me assombrar.

Eu já não estava mais suportando lidar com toda aquela pressão. Era como se algo estivesse entalado na minha garganta, impedindo minha respiração.

Depois de alguns minutos, avistei um carro preto adentrando as dependências do castelo, lentamente. Deduzi que o motorista estivesse sendo bastante cauteloso ao se aproximar.

Assim que o veículo chegou perto de onde eu estava, ele parou e o som do motor cessou. Em seguida, uma buzina pôde ser ouvida.

Levantei-me, ajeitei minhas roupas e caminhei a passos leves até à porta localizada do lado do passageiro. Um click anunciou que a mesma havia sido aberta.

Sem hesitar muito, abri e logo sentei-me na poltrona. Olhei para o motorista e abri um sorriso amarelo. Eu estava bastante nervoso e inseguro com toda aquela situação. Fechei a porta por fim.

— Boa noite! Está tudo bem com você? Fiquei preocupado por ter me chamado até aqui tão fora de hora. — O semblante do homem estava sério. Seu cenho estava franzido.

Mordi os lábios e dei um profundo suspiro, antes de começar a falar. Meu tom de voz estava quase inaudível, disso eu tinha certeza:

— Me desculpe por ter pedido para que viesse tão fora de hora... Mas eu precisava conversar com alguém, e não me veio mais ninguém em mente, a não ser você.

— Sem problemas... — Disse ele calmamente. — Sabe que sempre pode contar comigo... Seja lá para o que for.

— Bem... — Fiz uma pausa. — Podemos ir para algum outro lugar conversar?

— Lógico. — Ele deu a partida no carro. — Para onde quer ir?

— Qualquer lugar que não seja aqui, Kaio, apenas dirija. — Pedi.

***

Depois de alguns minutos, Kaio estacionou seu carro na orla. Durante todo o percurso, não trocamos mais uma palavra sequer.

Através dos vidros, pude notar qua a praia estava totalmente deserta. O que era bastante compressível, já que a noite estava bastante fria.

Eu fui o primeiro a sair do veículo, logo em seguida o homem fez o mesmo e deixou a porta aberta.

Sentei-me sobre o capô e fiquei olhando as ondas. O mar refletia a luz da lua. Aquele som, aquela brisa fria, que beijava meu rosto, de certa forma me causavam uma sensação reconfortante.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Where stories live. Discover now