Atritos I

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***Thales

Acho que o tempo estava passando um pouco mais rápido do que eu gostaria.

Eu não queria que o meu rompimento com Miguel acabasse por nos afastar completamente... Mesmo assim, o mesmo não parecia muito afim de conversar comigo.

Desde a última vez em que nos vimos, ele não atendia às minhas ligações ou respondia as minhas mensagens. Eu, realmente, estava preocupado com ele.

Antes de tudo, éramos amigos... Mas isso também parecia estar se perdendo, embora eu não quisesse. Eu estava sem notícias dele, e esse fato, fez minha angústia e culpa aumentarem ainda mais.

Eu estava de pé em frente à porta de entrada de casa. Fazia uns dias que eu não vinha até ali, pois estava bastante atarefado com afazeres do Conselho. Me arrisco a dizer que, isolei-me do mundo externo por um certo período de tempo.

Minha mãe, já havia me intimado, por diversas vezes, a comparecer à nossa casa... Mas eu ainda não havia conseguido tempo... Enfim, eu estava ali.

Já era quase noite. As luzes da varanda estavam acesas e o local silencioso. Antes de entrar no local, precisei me preparar psicologicamente para o que viria. No fundo, eu sabia que doutora Suzana não pouparia esforços ao tentar me arrancar informações sobre o real motivo de meu rompimento com Miguel. Eu não conseguiria mais adiar àquela conversa com ela... Disso, eu tinha certeza.

Tirei o molho de chaves do bolso da calça e, com uma das muitas, destranquei a porta. Em seguida, girei a maçaneta e empurrei.

Cruzei a entrada e fechei a porta atrás de mim. Notei que não havia ninguém na sala de estar. Estranhei a princípio, mas logo em seguida, ouvi sons de talheres vindos da cozinha.

Cuidadosamente, comecei a caminhar pelo local... Então, virei-me para o lado direito, seguido àqueles sons.

Quando cheguei à passagem que dava acesso à cozinha, avistei minha mãe e Travis, sentados ao redor do balcão central. Eles estavam completamente em silêncio, tomando o café da tarde. Doutora Suzana, tinha uma seriedade estampada no rosto, algo bem raro em se tratando dela.

Assim que notaram a minha presença, os dois presentes me olharam. Meu irmão, esboçou um meio sorriso que me parecia tenso. Minha mãe, não demonstrou nenhuma reação diferente da de quando eu cheguei.

— Boa tarde. — Cumprimentei-os. Não consegui disfarçar minha insegurança.

— Oi, irmão! — Travis, foi o primeiro a me responder.

A mulher, largou o talher que segurava em uma das mãos sobre o prato, passou um guardanapo sobre os lábios com delicadeza, soltou todo o ar dos seus pulmões e, por fim, disse:

— Nossa! Até que enfim resolveu aparecer! Lembrou que tem família e uma casa?!

— Mas... — Tentei argumentar.

Sem me dar qualquer oportunidade de continuar, minha mãe, levantou-se do assento e colocou as mãos na cintura, já dizendo:

— Sem desculpas, rapazinho! Se as coisas continuarem do jeito que estão, eu terei que marcar horário para ver meu próprio filho?! Por que não veio assim que pedi?! Por um acaso, está fugindo de alguma coisa, pois sabe que é o errado da história?!

— Mãe... Não é nada disso! Eu, realmente, estive muito ocupado nesses últimos dias. Não sei se a senhora sabe, mas... Beatriz não está na cidade. Eu ando meio sobrecarregado! Dirigir um conselho responsável por manter o equilíbrio em todo um  universo mágico, não é coisa fácil! — Expliquei da melhor forma que pude.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Where stories live. Discover now