Riscos

230 47 7
                                    

***Gabriel

Uma coisa que nunca havia imaginado durante toda a minha existência, era que algum dia, eu assistiria a cena de uma inocente criança se transformar... Ser vampiro era uma maldição. Algo que eu não desejava para ninguém, muito menos para alguém que, sequer ainda tinha desenvolvido noção do que era a vida.

Aquela madrugada foi bastante tensa. Depois de uma longa seção de tortura, a pequena garota, que eu e Plínio havíamos levado para casa, apagou. A transição estava completa... Mas... A pior parte, sem qualquer sombra de dúvidas, ainda estava por vir.

Depois que a garotinha caiu no sono da morte, eu e Beatriz a deixamos sob os cuidados de Félix no quarto. Era óbvio que não podíamos deixá-la sozinha, pois se ela acordasse, seria necessário ter alguém por perto para tentar mantê-la sob controle.

Eu e e feiticeira fomos para a sala de estar da casa, onde estavam Plínio, Zack, Fred e outros cinco membros do Clã Dos Vampiros.

Ao chegarmos ao local, meu parceiro levantou-se imediatamente do sofá em que estava e veio até mim. Bia passou direto por ele e foi em direção aos outros.

Com um olhar bastante preocupado, Plínio, segurou minha mão direita com carinho, e perguntou sussurrando:

— E então?... Como ela está?

Apertei os lábios com força, fitei o homem de pé à minha frente, e desabafei:

— Apagada! Félix está de olho nela agora. A parte mais dolorosa ela já passou, mas agora temos um grande problema a resolver.

— O que faremos, Gabriel?

— Não faço a menor idéia, Plínio... Eu já ouvi algumas histórias sobre transformação de crianças no passado, e nenhuma delas com final feliz. O que mais me preocupa agora é... Como ela vai reagir quando acordar... Como vamos controlar a sede de sangue dela? Eu não tenho a menor experiência com um caso desse.

— Não conhece ninguém que possa nos ajudar com isso? — Perguntou ele.

— Infelizmente não, meu amor. Olhe ao teu redor! Todos os vampiros que eu conheço estão aqui, nesta sala. — Respondi em tom de lamento.

Plínio fez silêncio por um breve instante, aproximou seu rosto um pouco mais do meu, e abaixando o seu tom de voz ainda mais, começou a falar:

— Você acha que foi algum deles que fez isso?!

Não pensei muito antes de fazer um movimento negativo com a cabeça. A seguir, olhei por cima do ombro do meu parceiro, e respondi:

— Conheço muito bem cada um deles, Plínio... Tenho quase certeza que nenhum teria a capacidade de cometer tamanha atrocidade! E ainda digo mais: que motivos algum deles teria para tal coisa? Eles sempre foram super centrados. Não tem nenhum amador aqui! Todos são macaco velho nessa coisa toda.

— É, mas... — Ele soltou minha mão, saiu da minha frente, e moveu-se para o meu lado. Fitou os outros na sala. — Agora você terá de convencer à Beatriz de que nenhum deles tem culpa no cartório. Ela está bastante irritada com o acontecido.

— Tarefa nível hard agora. — Mordi o canto esquerdo dos lábios.

Todos os presentes no centro da sala, com exceção de Bia, estavam sentados nos sofás e mantinham suas cabeças abaixadas. A feiticeira caminhava de um lado para o outro, com os braços cruzados. Pela cara dela, a situação não ia ficar nada boa. Cabia a mim, tentar amenizar o climão que havia se instalado alí.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Where stories live. Discover now