3- ADDIO, NONNO! (Adeus, vovô!)

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Depois de ficar por um tempo paralisada, na tentativa de assimilar tudo que tinha acabado de ver. Matteo tinha me arrastado para um dos armários onde ficavam guardada as armas, por ironia do destino era único que não estava coberto por sangue. Ainda não tinha processado todas aqueles imagens de pessoas mortas, que eu não sabia mas me atormentariam por anos.

Finalmente me recompôs e saí dali, eu procuraria um celular, em algum lugar deveria ter um, já que os telefones da casa tiveram os fios cortados pelos mafiosos e os computadores foram quebrados. Eu e Matteo já procuramos na casa inteira e nada, até que minha cabeça funcionou. Pareceu que acendeu uma lâmpada em cima da minha cabeça. Nos corpos! Algum deles devia ter um celular.

Sim, lá fui eu e Matteo mexer nos cadáveres. Dio Mio, perdonami signore! Talvez eu fosse pro inferno, mas pelo menos achei o celular e liguei para meu avô, chamou, chamou, chamou e não atendeu. Cristo, e se algo tiver acontecido com ele? Será que os russos foram atrás dele? O desespero começou a tomar conta de mim. Agora, apertava as teclas como se minha vida dependesse daquilo, e provavelmente dependia. Chamava, chamava e nada, liguei para mamãe e meu pai, eles também não atendiam.

Em um momento de devaneio, cogitei ligar para polícia. Logo, me dei conta que não poderia, como explicaria para os policiais mais de 15 cadáveres com os corpos que mais pareciam peneiras, em razão de tantas perfurações de balas que continham?!

Liguei de novo, já tinha me apegado a todos os santos que conhecia, e o telefone do vovô atendeu. Grazie dio!

- Cian(alô)?

- Nonno, sono Lucrézia(Vovô, sou eu Lucrézia), que bom que atendeu, eu e Matteo precisamos do senhor. - as palavras saíram da minha boca como um sussurro, me faltava o ar, minha voz falhava.

- Ragazza, o que aconteceu? Estou indo para aí. - Vovô não hesitou em demonstrar a preocupação que sentia.

- Os russos, Nonno! Os russos eles mataram todos!

- Lucrézia, preste atenção, querida! Pegue Matteo e uma das armas no armário e saia imediatamente dai. Eu encontrarei vocês. Nossa casa não é mais segura. Você pode fazer isso bambina! Lembre-se que siomos Caccinis( nós somos Caccini)! - As palavras de meu avô, sem dúvidas me davam um força que nem eu sabia que tinha.

Já ia começar a seguir as instruções do vovô, enquanto ele permanecia na linha. Quando a porta da sala se abriu, abruptamente. Eu engoli a seco, me virando para olhar, era difícil manter o celular nas minhas mãos já que ela tremiam mais do que as de um idoso com Parkinson. Vários homens entraram no recinto, todos de terno preto, sapato de couro, apenas um usava um chapéu, todos estavam armados até os dentes. Me aproximei de Matteo e os homens que estavam na porta agora se aproximaram.

- Com quem está falando, ragazza? - O homem de chapéu perguntou.

Ele era caucasiano, olhos claro e tinha no rosto a expressão da crueldade encarnada.

Antes que eu pudesse responder, o mesmo tomou o celular de minhas mãos. Quem esse cara acha que é? Com certeza ele é italiano e faz parte da máfia, mas eu nunca tinha o vista antes.

- Francesco, o Don da Máfia. Sua casa é muito bonita! Ah e seus netinhos são lindos, para alguém da sua laia, não imaginava uma casa tão...

- Se você encostar em um fio de cabelo dos meus netos. Eu mato você e toda a sua família, Vincenzo Martinelli. E sim, seu branquelo azedo, nós pretos temos um ótimo gosto! - Nonno estava tão visitante irritado que berrou no telefone e ressoou por toda a sala.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now