31- CENA DEL CONSIGLIO (Jantar do Conselho)

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Pouco tempo depois, terminei de me arrumar. Não sabia se faltava pano na confecção ou se Giovanni só fazia vestidos minúsculos. O tubinho vermelho só cobria poucos centímetros abaixo da polpa da bunda, ao menos o decote reto era discreto. Hoje não era um dia bom, não conseguia me enxergar naquela peça e olha que vermelho é minha cor favorita.

Ia descendo as escadas e já avistei uma porção de gente na sala, todos engravatados. Piero correu para me encontrar no meio da escada e estendeu a mão para mim. Em sussurros disse:

- Ainda vou matar o Giovanni.

Piero manteve a pose de Don e reprimiu o ciúmes evidente. Pousou uma das mãos sobre as minhas costas e meu guiou lá para baixo. Os homens presentes nos olharam curiosos.

- Achei que ia ser um jantar só com o Conselho.

- E é. Os representantes de cada família estão terminando de chegar, mas todos eles trazem seguranças e às vezes acompanhantes.

- Vai me exibir como um troféu pros seus convidados? - Arqueei a sobrancelha.

- Claro que não. Todos já sabem que você é minha.

- Eu não sou sua propriedade ou de ninguém. Hai capito? - Piero revirou os olhos.

- Andiamo. Quero você do meu lado. - Piero me puxou para ficar sentada no braço da poltrona, enquanto os convidados chegavam.

- Quem é quem?

- O velho ruivo é Guido Barone, ao lado do filho Leonardo ou Domênico, um dos dois.

- O avô da sua amiga íntima. - Fiz aspas com as mãos e friccionei os lábios.

- Com ciúmes, querida?

- De você? Só sob o meu cadáver. - Ri daquela piada.

- Vou fingir que acredito. - Agora fui eu quem revirou os olhos.

- Aquele ruivo barbudo no bar também é Barone?

- Isso. Jacopo Barone, primo da Giulia.

- Entrando temos...

- Paolo De Luca. - Respondi.

- O conhece de onde? - Piero indagou.

- Ele e Matteo são amigos.

- É, são. - A cara de Piero não era nada agradável ao dizer isso e eu ri. - O bigodudo atrás dele é Maurizio De Luca.

- O pai?

- Tio.

- Tenho certeza que conhece o seu tio desagradável. - Apontou com a cabeça para tio Ezzio e Alessio, que vinham entrando.

- É claro que conheço.

- Por último e não menos irritante, Césare Giordano. - Apontou para o moreno alto de olhos escuros.

- Ele não é jovem demais para ter a própria cadeira no Conselho?

- Uns dez anos mais velho que você e pelo que sei ele e Ezzio brigaram pela cadeira dos Giordano há alguns anos.

- E tio Ezzio perdeu para um pirralho. - Não segurei a risada e Piero riu junto.

- Não sei os detalhes da confusão, mas foi feia.

Enquanto observava a movimentação, Piero passava a mão nas minhas coxas e dava falsos sorrisos para os homens da máfia. Era como se eu estivesse numa gaiola, em exposição para todos que passavam. Seus gestos reafirmavam o seu controle sob as vidas naquela sala, incluindo a minha. E por mais que odiasse a sensação, gostava do toque dele.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now