11- IL ACCORDO (O acordo)

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Atualmente
na mansão dos D'Ângelo:

Lucrézia Caccini

- Graziela, e Matteo já deu notícias?

- Já é a terceira vez que você me pergunta isso, Lucrézia. E a resposta ainda é a mesma: Ele só disse que viria aqui mais tarde e não disse mais nada. - Graziela me respondia com as mãozinhas pequenas apoiadas na cintura.

- Quando eu preciso da sua curiosidade insaciável você não a usa né minha irmãzinha.

Não resisti a fofura de Graziela, ela pode já ter 10 anos mas pra mim sempre ia ser o meu bebê, comecei a fazer cócegas nela. Seus risos eram uma das coisas mais satisfatórias de se ouvir. Logo parei, por ficar com peninha dela e lhe dei um beijo bochecha.

Minha irmã não fazia ideia dos motivos da minha ansiedade. Então, há dias que eu e Matteo viemos falando sobre o casamento com mini Martinelli. Desde que aquele velho maledetto morreu. Finalmente os Caccini se levantaram novamente, nem que pra isso eu tivesse que me casar com Piero.

As poucas coisas que sei sobre meu futuro marido, foram aquelas que Matteo me contou. Ok! Milão não é tão grande assim e para ser bem sincera, os círculos da máfia são bem limitados, isso deixava ainda mais curiosa sobre o fato de nunca ter visto Piero. Sim, não vou a muitas festas da máfia, Saveiro gosta da ideia de me ter como prisioneira, mas há sempre aqueles eventos que o mesmo era obrigado a me levar. Estranho que nunca tenha dado de cara com o futuro Don em todos esses anos.

Uma parte de mim tinha receio do que seria esse casamento, outra só queria dobrar Piero, talvez matá- lo? Talvez. Apesar de que para isso era preciso convencer Matteo primeiro.

Já não aguentava mais a ansiedade, nem sabia se o assunto que Matteo viria falar seria esse, podia ser só uma visita costumeira. Não sei. Algo além de mim, dizia que as coisas iriam mudar.

A inquietação percorria meu corpo. Andei tanto de um lado pro outro, que  daqui a pouco era capaz de fazer um buraco no chão, caso continuasse nesse ritmo.

Finalmente! Ouvi do meu quarto, no andar de cima, a campainha tocar. O som não era tão audível lá em cima. Normalmente seria preciso tocar mais de uma vez para que se escutasse de lá, mas meus sentidos estavam mais aguçados do que nunca, devido a minha ansiedade. Não fiz nem questão de manter a pose, desci imediatamente as escadas para verificar se era mesmo Matteo e era. Ele estava parado na porta, provavelmente porque Saveiro barrava sua entrada. Me aproximei mais para poder escutar a conversa e eles diziam:

- O que quer aqui, Matteo? Hein? Já enjoei dessa sua cara de cu por esses dias. Então, vattene (cai fora)! - Bradava Saveiro.

Matteo colocou o pé na porta para impedir que Saveiro a fechasse em sua cara e respondeu-lhe:

- Se fosse você ia querer me ouvir. O Don gostaria de lhe propor um acordo.

- Parla come mangi (vá direito ao ponto)!

- Antes de negociar com o diabo, no caso você. Falarei com Lucrézia, que diga- se de passagem é parte fundamental em toda essa história.

- Vá! Suma da minha frente e só volte quando tiver o acordo na ponta da língua.

Saveiro saiu da porta permitindo a entrada de Matteo. Não demorou muito e nós dois estávamos nos fundos da casa. Não iria para o meu quarto, afinal Graziela sempre passa mais tempo no meu quarto do que no dela. E o assunto que eu e Matteo trataremos não era bem certo. Um casamento por interesse e com segundas intenções. Não queria que minha pequena irmã entrasse nesse mundo. Nesses 10 anos, fiz de tudo para manter Grazi longe e preservar sua inocência.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now