5- SCAPPARE (Fugir)

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Nem sequer sair dali eu podia, teria que esperar os nojentos dos homens do velho Martinelli se retirarem, mas eles não saiam. Desgraçados! Cercavam meu avô como urubus, riam, eram 4 no total. O velho Martinelli já tinha ido para casa ficar com a família dele, era irônico que ele fosse comemorar com a família, depois de ter destruído a minha. A felicidade dele se baseava na minha desgraça.

Não sabia que tudo aquilo tinha como ficar pior, mas tinha. Eu estava sentada entre os arbustos de costas para o cadáver do meu avô, não precisava me traumatizar mais olhando para ele. E pretendia ficar assim até os capangas irem embora. E adivinhem? Isso não aconteceu. Já estava de noite e escuro, vi que alguns deles haviam entrado na casa quebrando janelas, jogando os móveis no jardim. Até que um deles disse que teve uma ideia. E eu me forcei a ignorar mas não resisti e olhei, eles estavam novamente cercando o meu avô, agora eles estavam de calças abaixadas urinando sobre o corpo morto do meu avô enquanto riam, bebiam, destilavam insultos de baixo calão e faziam piadas racistas. Nem os mortos eles respeitam, que tipo de pessoas eram aquelas?

Depois de terminar, dois deles que aparentemente estavam mais sóbrios subiram as calças e saíram. Encolhi- me para não ser descoberta, entretanto, nem que eles quisessem dariam fé da minha presença, devido ao teor alcoólico nos seus organismos. Os outros dois ficaram e não subiram as calças. Então, um deles começou a fazer movimentos de vai e vem com o próprio pênis. Mas que merda era aquela? A Lucrézia de 8 anos não fazia ideia do porque ele estava fazendo aquilo. O outro teve uma reação ainda mais esquisita, ele retirou a calça do meu avô e virou seu cadáver de costas. Ele riu com perversão para o amigo, ele tinha entendido o que homem de meia idade pretendia fazer, mas eu ainda não, enquanto isso só observava.

Foi aí que as coisas ficaram insuportáveis: ele pegou a cabeça ensanguentada do meu Nonno, pelos poucos fios de cabelos brancos e a encarava se vangloriando.

- Quem é o poderoso senhor Caccini agora? - ele berrou e com a mão desocupada segurou o órgão fálico. Como alguém que precisasse desesperadamente reafirma seu controle. - Deveria te fazer chupar meu pau, velho miserável.

Imediatamente meus olhos dobraram de tamanho com aquela possibilidade, contudo ele não cumpriu com suas palavras. Fez algo ainda mais horrível: enfiou o pênis no cadáver do meu avô, violentamente,  deu várias estocadas. O psicopata tinha um olhar demoníaco e ria orgulhoso do feito, alguns minutos depois começou a gemer, exteriorizando seu prazer doentio. Até o comparsa via aquela cena com nojo. Eu não fazia ideia do que era aquilo tudo na época, entretanto meus olhos ardiam de ódio, o estômago revirava,  senti meu almoço querer ser regurgitado, estava totalmente enojada e apavorada. Então, não contive o vômito, o que fez com que eles notassem a minha presença ali. O homem que estava com o negócio no meu avô morto, tirou rapidamente e subiu as calças, o outro também fez o mesmo. Isso me deu tempo para fugir, corri com toda força que existia em mim, minhas pernas eram pequenas. Se eles tivessem sóbrios teriam me alcançado, quando olhei para trás eles ainda estavam atrás de mim, que corria pela rua sem me importar em ser atropelada.

O vento batia no mesmo rosto e seguia correndo. Vi quando um deles tropeçou e caiu. Nós estávamos perto de um cruzamento e aí o que ainda estava de pé e quase me alcançando, chegou tão perto que senti seus dedos sebosos e melados, com algo gosmento e branco tocarem meus longos cabelos negros que voavam enquanto corria. Continuei correndo na esperança dele não me alcançar. Mas a angústia interna que me destruía por dentro só progredia. E por incrível que pareça ele não conseguiu me pegar, na verdade ele que foi atingido por um carro em alta velocidade, fazendo seu corpo voar para bem longe. Fechei os olhos por um segundo e pude ouvir os seus ossos sendo quebrados com o impacto. Bem feito!

O outro estava mais atrás, ele parecia ter desistido e só continuei correndo, correndo, sem rumo nenhum. Eu estava devastada de tantas formas, juro como até hoje não sei como não cai dura no meio da rua, estava fraca, toda descabelada e suja de sangue. Minhas pernas não tinham mais forças para continuar. Queria desistir, simplesmente entrar na frente de um dos carros e deixar a física fazer o resto. Só não fiz isso mesmo, pois me lembrei das palavras do meu avô e da promessa que fiz a ele.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora