28- DI COSA SEI CAPACE? (Do que você é capaz?)

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Daqui a poucas horas será a partida de Graziela. E quero aproveitar o máximo de tempo possível com ela. Além de lhe ensinar algo que vovô me ensinou há anos.

Não importa o quão longe ela vai estar, pelo menos estará segura.

Estamos num dos galpões que fica mais ao fundo da propriedade. As condições sanitárias deste lugar não são muito salubres e considerando a finalidade normal dele não precisa ser bonito.

- Ah! Pensei que tivesse se perdido no caminho. - Disse ao ver Matteo entrar pela porta.

- Não é muito fácil achar essas belezinhas. - Ergueu os tijolos em suas mãos.

- Ainda não entendi o que vamos fazer. - Graziela entrou no diálogo.

- Nós somos Caccinis, principessa! Tem uma tradição nessa família. Nonno ensinou Mamma, Tio Fabrizzio, Matteo e eu. Tenho certeza que ele adoraria te ensinar também, mas...

- Ele se foi. - Matteo completou com o semblante tão saudoso quanto o meu.

- Venha, Graziela! Mas primeiro coloque os óculos de proteção.

Após deixar minha irmã devidamente protegida com luvas, avental e viseira, também colocamos os equipamentos. Matteo e eu montamos uma forja caseira com os tijolos, terra vermelha úmida, uma lata de tinta seca, carvão, um cano de metal velho e um secador para servir de soprador. Como cadinho usamos um potinho de cerâmica que roubei da cozinha da Sandra, obviamente ela me deixou pegar. Estranhamente, as pinças já se encontravam no local e sabe-se lá quanta dor elas já não causaram, mas enfim... Continuamos com o processo, sempre explicando os passos para Graziela que observava tudo atentamente.

O projeto de forja já estava bem quente e não demorou muito para derreter a mini barra de ouro. O ouro é um dos metais mais maleáveis, com um pedacinho já dava para fazer muita coisa. Depois de muitas marretadas, lixadas, polimentos e afins terminamos de fazer um lindo e delicado bracelete de ouro. Com nossa ajuda, Graziela gravou "Caccini" no interior da pulseira. Ela olhava admirada e orgulhosa para o que tinha acabado de fazer. Eu e Matteo a encaravamos com caras idiotas, nossa menininha estava crescendo.

[...]

Mesmo com a garoa, a pista de decolagem estava repleta de Caccinis e Piero que insistiu em vir. As malas de Graziela e Tia Monalisa já estavam dentro do avião. O piloto demonstrava impaciência, talvez porque estou a quase vinte minutos abraçando a minha irmã. Sei que isso é o melhor para ela, porém deixá-la ir não é nada fácil.

- Prometa para mim que vai se cuidar. - Lhe supliquei com os olhos.

- Eu juro de dedinho! - Graziela agarrou meu mindinho para selarmos o juramento.

- Te amo, minha bonequinha! - Dei um beijo na sua bochecha e tirei o colar que Mamma me deu, o mesmo que carregava para todo lado e amava. Em seguida o coloquei no pescoço de Graziela. - Nós sempre vamos estar com você. Não importa se é do outro lado do mundo, sempre estaremos juntas, eu, você e Mamma.

- Também te amo. - Ela me deu um abraço forte. - Nós vamos nos ver de novo em breve, não é?

- Claro piccola! - Sorri sem nenhuma verdade nos olhos. Não sei se um dia vou vê-la de novo, não sei se vou sobreviver a guerra que pretendo travar. A única coisa que realmente sei é que vou lutar até o fim.

- Vou me despedir de Matteo e Piero. - Anunciou.

Assenti e assim ela fez. Esperei Titi terminar de falar com os gêmeos e Lucera para me despedir dela também. Mais distante, Tio Ezzio observava a cena com desgosto, ele não aprovava aquilo, e adivinha? Ele que se dane! Ok...ok, sei que prometi para Titi que ia tentar me resolver com o velho.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora