Na véspera da despedida de Graziela.
Toc toc.
Escuto batidas vindo da porta do quarto, enquanto estou no closet.
- Entre. - Digo já me dirigindo para o quarto.
- Buongiorno, priminha!
- Oi, Matteo!
Já sabia do que ele vinha falar e ele só confirmou com uma cara de repreensão. Dio mio!
- Você e Piero andam bem próximos, não é? Primeiro aquela ceninha no café da manhã e ontem pego vocês se agarrando na cozinha às três da madrugada.
- Digamos que aconteceu muita coisa enquanto viajava. - Sorri sem graça.
- Então, vocês já... você sabe...
- Não. Por dio, não! - Meus olhos duplicaram de tamanho.
- Não seria tão absurdo assim, afinal os dois são casados e aparentemente estão se dando muito bem. - Matteo me olhou como se pudesse ler minha mente.
- Sem chance! Ontem eu estava carente e Piero por perto. Foi só isso, um deslize. - Um deslize bom para caralho. Se controla, Lucrézia.
- Lucrézia, cuidado! Não quero que Piero se machuque mais do que o preciso. Já me corta o peito ter que traí-lo. Não quero que você brinque com os sentimentos dele, se não sente nada por ele... - Meu primo lançou-me um olhar cauteloso.
- Eu não gosto dele, nem ele gosta de mim. É só uma atração sexual. E também não sou cega, ele é incrivelmente bonito mas é só isso.
- Lucrézia. - Ele tinha na cara a expressão de "me engana que eu gosto".
- Matteo. - Olhei com deboche. E logo caímos na gargalhada.
Ele se jogou na cama e eu fiz o mesmo. Era bom aproveitarmos um tempo juntos, Matteo sempre está tão ocupado trabalhando, ele e Piero passam o dia fora.
- E a faculdade? - Me observou curioso.
- Em meio a toda essa confusão não tive tempo de fazer a bendita matrícula.
- Está feliz, não está? Faz muito tempo que não te vejo sorrir à toa como agora.
- Finalmente Graziela e eu nos livramos de Saveiro. - Dei um sorriso largo e simultaneamente uma lágrima escorreu.
Matteo me deu um abraço apertado e demorado e depois um beijo na testa. Me aninhei entre seus músculos aconchegantes e robustos. Sabia que ele estava feliz só por me feliz. Relaxei em seus braços, ali eu me sentia acolhida e protegida.
- Fratello, falou com Piero sobre a viagem?
- Sim, ele concordou desde que nós levemos alguns seguranças juntos.
- É mesmo a cara dele. - Revirei os olhos. - E deu certo alugar o jatinho?
-Deu, e foi por isso que eu vim. Nós vamos depois do almoço.
- O que? - Disse sobressaltada. - E você só me avisa agora? Quase em cima da hora? - Dei um tapinha no seu braço.
- Ai! Foi o único jeito, se não fosse hoje só teria vaga para próxima semana.
- Va bene! Eu devia ter comprado a porcaria do jatinho, assim não teria dor de cabeça. - Disse emburrada.
- Deixa de ser exagerada, Lucrézia. - Matteo riu.
- Ah! Tia Monalisa e cia vão também. - Meu amado primo completou.
- Até Tio Ezzio? - O desgosto ficou nítido na minha fala.
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Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)
Romance"Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem." - Nietzsche. Lucrézia Caccini é uma jovem geniosa e cheia de opiniões, de vinte anos, que já sofreu muito na vida. Nem sempre ela foi distante e arredia, mas os assassinatos, sequestros...