27- CENERE II (Cinzas- parte 2)

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Na véspera da despedida de Graziela.

Toc toc. 

Escuto batidas vindo da porta do quarto, enquanto estou no closet.

- Entre. - Digo já me dirigindo para o quarto.

- Buongiorno, priminha!

- Oi, Matteo!

Já sabia do que ele vinha falar e ele só confirmou com uma cara de repreensão. Dio mio!

- Você e Piero andam bem próximos, não é? Primeiro aquela ceninha no café da manhã e ontem pego vocês se agarrando na cozinha às três da madrugada.

- Digamos que aconteceu muita coisa enquanto viajava. - Sorri sem graça.

- Então, vocês já... você sabe...

- Não. Por dio, não! - Meus olhos duplicaram de tamanho.

- Não seria tão absurdo assim, afinal os dois são casados e aparentemente estão se dando muito bem. - Matteo me olhou como se pudesse ler minha mente.

- Sem chance! Ontem eu estava carente e Piero por perto. Foi só isso, um deslize. - Um deslize bom para caralho. Se controla, Lucrézia.

- Lucrézia, cuidado! Não quero que Piero se machuque mais do que o preciso. Já me corta o peito ter que traí-lo. Não quero que você brinque com os sentimentos dele, se não sente nada por ele... - Meu primo lançou-me um olhar cauteloso.

- Eu não gosto dele, nem ele gosta de mim. É só uma atração sexual. E também não sou cega, ele é incrivelmente bonito mas é só isso.

- Lucrézia. - Ele tinha na cara a expressão de "me engana que eu gosto".

- Matteo. - Olhei com deboche. E logo caímos na gargalhada.

Ele se jogou na cama e eu fiz o mesmo. Era bom aproveitarmos um tempo juntos, Matteo sempre está tão ocupado trabalhando, ele e Piero passam o dia fora.

- E a faculdade? - Me observou curioso.

- Em meio a toda essa confusão não tive tempo de fazer a bendita matrícula.

- Está feliz, não está? Faz muito tempo que não te vejo sorrir à toa como agora.

- Finalmente Graziela e eu nos livramos de Saveiro. - Dei um sorriso largo e simultaneamente uma lágrima escorreu.

Matteo me deu um abraço apertado e demorado e depois um beijo na testa. Me aninhei entre seus músculos aconchegantes e robustos. Sabia que ele estava feliz só por me feliz. Relaxei em seus braços, ali eu me sentia acolhida e protegida.

- Fratello, falou com Piero sobre a viagem?

- Sim, ele concordou desde que nós levemos alguns seguranças juntos.

- É mesmo a cara dele. - Revirei os olhos. - E deu certo alugar o jatinho?

-Deu, e foi por isso que eu vim. Nós vamos depois do almoço.

- O que? - Disse sobressaltada. - E você só me avisa agora? Quase em cima da hora? - Dei um tapinha no seu braço.

- Ai! Foi o único jeito, se não fosse hoje só teria vaga para próxima semana.

- Va bene! Eu devia ter comprado a porcaria do jatinho, assim não teria dor de cabeça. - Disse emburrada.

- Deixa de ser exagerada, Lucrézia. - Matteo riu.

- Ah! Tia Monalisa e cia vão também. - Meu amado primo completou.

- Até Tio Ezzio? - O desgosto ficou nítido na minha fala.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now