46- TRIONFO DEI NEMECI (Triunfo dos inimigos)

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—  Ah! A princesa finalmente terminou de se arrumar! —  A voz cortada por risadas de Guero ecoou assim que pisamos o pé fora do carro, ao apontar para Piero e virar a cara na direção contrária a minha

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— Ah! A princesa finalmente terminou de se arrumar! — A voz cortada por risadas de Guero ecoou assim que pisamos o pé fora do carro, ao apontar para Piero e virar a cara na direção contrária a minha.

— Mavá, Guero! Por mim, nem estaria aqui. — Foi, então, a vez do meu marido me encarar e jogar a culpa para cima de mim.

No nada singelo estacionamento da casa dos Barones, isto é, o imenso jardim verde com locais delimitados para fila de automóveis, enquanto Guero sequer olhava na minha cara e irritava Piero, Matteo se aproximava com Bianca a tiracolo, de braços dados. Então, uma pontada atingiu meu peito, o ego ferido. Muitas coisas aconteceram durante o meu retiro auto infligido de uma semana e não ser a pessoa que segurava os fios das marionetes no momento não ajudava.

Pior ainda seria entrar nesta casa hoje, para assistir a aliança que representava um triunfo dos inimigos. Longe de mim não acreditar no amor cof...cof, mas o casamento repentino de Giulia e Luigi cheirava a armação, mesmo que Piero não tivesse notado, ou fingiu não notar. Se fosse uma espécie deturpada de vingança pessoal do irmão bastardo invejoso e da antiga namorada desprezada a fim de afetar apenas Piero, tudo bem. O que me preocupava, de fato, era se fosse algo a mais.

Durante o percurso até nos aproximarmos das centenas de convidados, o sol ameno do fim de tarde iluminava a grama absurdamente verde, a careca brilhante do bartender e o topo do escudo de Minerva, a estátua de mármore que emergia do centro da fonte circular de águas cristalinas roubou a atenção por breves segundos. Todas as famílias estavam ali, em maior peso do que no meu casamento diga-se de passagem.

Com o instinto ativado, procurei os meus, minha família. Lucera se aproximava de Guero mesmo depois de ter negado seu convite de vir para o casamento com ele, tio Ezzio estava cercado de velhos e Alessandro, Alessio no bar cantando a garçonete. Eles pareciam acomodados e acostumados com aquele tipo de celebração de fachada, mas eu não. A qualquer momento esperava que alguém sacasse uma arma e atirasse na minha direção ou na de Piero, que se incomodou tanto quanto assim que pisou na casa dos Barones, por motivos diferentes talvez.

Logo meu marido soltou meu braço para ir ao encontro do bar e fiquei sozinha com os leões, a alternar entre sorrisos falsos e cumprimentos mentirosos quando os mais novos dos Barones, Chiara e Leonel, empurraram a cadeira de rodas que sustentava a velhice do patriarca da família até mim. Já havia ouvido dizer que Ettore em sua juventude roubava o coração das moças por onde passava, no entanto agora só remetia asco e desconforto, pois, apesar da idade, seu semblante de reconhecimento era assombroso.

— Senhora Caccini. — Ofereceu a mão.

— Senhor Barone. — Aceitei o aperto de mãos com a saliva travada na garganta.

Ele apertou demais, ao ponto de machucar e eu tentar tirar a mão, mas não conseguir soltá-la, como se Ettore pudesse ler os meus pensamentos e antipatia contra os seus familiares.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now