13- IL MATRIMONIO (O Casamento)

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Na manhã seguinte ao meu fatídico e sangrento noivado, os ânimos ainda estavam agitados. Graziela finalmente tinha dormido e Matteo saiu a pouco para deixar Lucera em sua residência. A minha casa se encontrava cercada por seguranças altamente armados. Havia homens em todas as entradas e saídas.

Apesar de já ter se passado horas desde o tiroteio, não consegui nem pregar o olho, meu corpo continua inquieto, minha mente se volta repetidas vezes para som dos tiros e visão dos cadáveres. Tudo estava indo tão bem, por alguns instantes me senti normal, sendo só uma socialite fútil e manipulável, sei que é uma sentença terrível. Entretanto, em anos, essa foi umas das poucas noites que pude tentar ser alguma coisa.

Só agora reparei que ainda estou com a roupa de ontem, com as bordas sujas de sangue. Passei as últimas horas tentando acalmar Graziela e até esqueci de tomar um banho. Era isso que ia fazer, e tentar relaxar por alguns segundos.

A ideia do banho não deu certo. Junto com as gotículas de água que passavam pelo meu corpo vinham os pensamentos: Quem seria capaz de ordenar um massacre daqueles? E o que mais me deixava aflita, aquela bala era para mim?

Já vestida, as paranoias não me deixaram descansar. Pelo menos, logo teria respostas. Percebi através das janelas que Matteo tinha retornado e corri ao seu encontro. Na noite passada, e todo o caos que ela foi, não reparei que meu primo se feriu.

- Dio mio! Você está machucado! - toquei o ferimento que ele tinha no braço.

- Relaxa, foi só de raspão.

- Eu nem percebi que você se machucou.

- Você não foi a única, admito que só percebi depois que a adrenalina passou

- Muito engraçadinho, senhor Matteo! - ri fraco. -Você levou um tiro.

- Pelo menos, não dei uma de Mulher Maravilha, correndo em meio às balas. Cazzo, Lucrézia! Você poderia estar morta.

Olhei séria para ele e respondi:

- Sei que fui tola, mas de qualquer forma aquela bala era para mim, não era?

- Lucrézia...

- Por sorte, atingiu a cabeça do cisne, mas era para minha cabeça que foi apontada. - Aumentei levemente o tom. A indignação ficava evidente na minha voz.

Matteo respirou fundo em busca de palavras. E continuou:

- Tem gente muito importante preocupada com os rumos que a máfia vai tomar depois do casamento...

- Percebi. Alguém que não tem receio em matar inocentes. Alguém perigoso!

Fiz uma pausa dramática, na tentativa de tirar aquele pensamento, mas não resisti e perguntei:

-Você acha que Tio Ezzio pode ter tido algo a ver com isso?

- Não. Lucera e Titi estavam lá. Tio Ezzio pode não ser um grande homem, mas não as colocaria em risco. E também acho que ele não tentaria nada contra a própria família. Não é do feitio dele.

- Então, nos resta quase todo o Conselho dos 5, os Russos ou qualquer outra facção rival... São muitos possíveis inimigos. - Franzi o cenho, demonstrando preocupação. E Matteo prosseguiu:

- Além de vir aqui me certificar que vocês estavam bem, vim também te dizer que mudaram algumas coisas sobre o casamento.

- Como assim mudaram?

- O casamento vai ser hoje, no fim da tarde.

- QUE? Não. O casamento é só daqui a duas semanas. Só pode ser brincadeira.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now