"Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem." - Nietzsche.
Lucrézia Caccini é uma jovem geniosa e cheia de opiniões, de vinte anos, que já sofreu muito na vida. Nem sempre ela foi distante e arredia, mas os assassinatos, sequestros...
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— Não, nem pensar, Lucrézia.
Ela ainda vestia minha camisas para dormir mas logo se empertigou na cama para me enfrentar, com as mãos apoiadas na cintura, proferiu:
— Eu vou com ou sem você. Não foi um pedido, só estou te comunicando.
A braveza da minha esposa era quase tão hipnotizante quanto as curvas do seu corpo iluminada pelos raios da manhã,
— Mi amore, você não pode ir no cassino dos D'Angelos enquanto mantemos o Saveiro prisioneiro. É suicidio político.
— Não me diga o que fazer. — Torceu o nariz ao se levantar e arrumar os lençois com raiva.
— Querida, finalmente estamos nos dando bem — Agarrei sua cintura por trás, encaixei minha mandíbula no vão do seu pescoço e beijei a pele exposta. Ela arfou em resposta, por essa razão sabia que estava tão envolvida quanto eu e que nossos dias se tornaram especiais nas últimas duas semanas. — Não pode deixar para mexer nesse vespeiro depois, hm? — Mordisquei o lóbulo da sua orelha esquerda,
— Não! E você não vai conseguir me seduzir.
Lucrezia se desvencilhou dos meus braços para me encarar e foi como se uma parte de mim ficasse vazia sem ela.
Por dío! Eu sabia que acatar todas as vontade da minha esposa era um absurdo, mas a verdade é que não conseguia mais negar nada a ela, mesmo que fosse pro seu próprio bem. Inclusive ir até o cassino dos D'Angelos e exigir sua parte da herança. Se Lucrezia queria, farei acontecer.
Quando chegamos ao estabelecimento, ainda estava vazio. Os seguranças foram pegos em um assombro ao se depararem com Lucrézia, eles murmuram entre si, passaram recados no rádio à espera de um aval, mas ela arrancou a walk talk de um deles antes de qualquer ação.
— Abra a porra da porta Guiseppe! É uma ordem.
Não mais que alguns segundos se passaram e os mesmos seguranças liberaram nossa passagem após receberem ordens do aparelho eletrônico e Lucrézia tomou a dianteira com um sorriso de triunfo. A postura dela demonstrava força e austeridade, como sempre, mas a conhecia o bastante para imaginar o turbilhão de magna que existia dentro dela naquele momento.
O cassino fez jus aos fofocas da Máfia, era luxuoso no piso ao teto, as paredes em vermelho contrastavam com o piso laminado xadrez, no qual, as mesas de bilhar, de blackjack, as roletas de bordas douradas e as máquinas caça-níqueis se encontravam. Como também a altíssima segurança, havia homens armados até os dentes em todos os cantos. Por instinto apalpei a minha arma no coldre e Lucrézia me repreendeu com o olhar. Eles diziam para acompanhar a sua dança, porém o ambiente não me remetia boas impressões.
Nada de bom parecia poder sair desta visita e os três homens negros a nossa espera só corroboraram com minha impressão. O que aparentava ser o mais velho, de cabelos raspados bem próximos à raiz, mancou na direção de Lucrézia antes de todos.
