9- FAMIGLIA UNITA (Família unida)

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- Andiamo! Os carros estão à nossa espera. - Disse tio Ezzio ao entrar na sala onde eu e Titi estávamos.

- Sí, andiamo! - Titi levantou-se e fez um sinal para que fizesse o mesmo.

Já no carro- era um grande carro, na verdade um minivan, por alguns segundos minha cabeça parou pra pensar o por que de um mafioso ter uma minivan, não sei nenhuma resposta. Bem, o motorista dirigia com uma arma na cintura, no banco do carona estava tio Ezzio, no segundo banco: eu, Titi e Lucera; Mais atrás: Alessio, Alessandro e mais um segurança armado. Na nossa frente tinha um carro com todos os lugares ocupados por seguranças, atrás do mesmo jeito e todos fortemente armados. Não parecia que íamos para um velório mas sim para uma guerra. É, talvez fosse. No momento não via necessidade de tudo aquilo, porém logo percebi que era sim necessário.

Demoraria mais ou menos umas 3 horas até chegar na cidade que Saveiro tinha enfiado minha tia e prima.

Parando para refletir nunca havia passado tanto tempo com aquela parte da famiglia. Antes de toda a merda acontecer, nós só nos víamos nas festas de família ou da máfia, tipo no Natal e essas coisas. Aquelas pessoas apesar de terem o mesmo sangue que o meu eram completos desconhecidos, pois tio Tommaso e meu avô Francesco já estavam sem se falar desde de antes da guerra do Conselho dos 5. Acho que o último Natal que passamos todos juntos foi quando meu pai ainda estava vivo.

A viagem seguia calma. Lucera que estava ao meu lado, ela me olhava como se quisesse perguntar algo, mas não fez. Na verdade ela e Lucrézia eram bem parecidas fisicamente a cor da pele era mesma que a de Lucrézia, algumas de suas expressões também, o que mais divergia era o cabelo mais cacheado de Lucera e os olhos negros que combinavam bastante com sua cascata de "bitch patricinha", e a maior diferença de todas: a personalidade. Lucera podia esbanjar arrogância, mas tinha um olhar doce e voz melodiosa, apesar de ser mais velha que eu, ela tinha um olhar inocente e puro, talvez nem todos a máfia conseguiria destruir não é mesmo? Ela era muito bem educada e dava respostas com um bela articulação política, com tom que sempre agrada a todos, nisso ela me lembrava tia Poliana. Já Lucrézia sempre foi porra louca, sem filtro nenhum.

Alessio e Alessandro eram nitidamente crianças travessas, fiquei até com dó do segurança que ficou lá atrás com os dois pestinhas. Os gêmeos eram só 4 anos mais novos que eu. Logo, não sabia se tinha envelhecido demais antes do tempo ou se eles eram infantis.

Fitei o olhar na estrada, já estávamos entrando na cidade. As horas passaram voando enquanto me distraía observando meus primos. Conforme nos aproximávamos da casa do D' Ângelo meu coração apertava, ver Lucrézia depois de 2 anos e num momento tão difícil. Agora a incerteza acompanhava os meus pensamentos, será que eu teria coragem de ver tia Poliana sem vida?!

Tio Ezzio se pôs frente a porta e tocou a campainha, logo Benito D' Ângelo abriu - o irmão mais velho do Saveiro- seu semblante não era o melhor ao nos ver, no entanto, afastou- se da porta permitindo nossa entrada. Assim que pisei os pés na sala grandiosa, meus olhos percorreram todo o lugar na esperança de achar Lucrézia o mais rápido possível. O ambiente estava cheio de indivíduos que nunca vi e que pela cara carrancuda não eram amigos de tia Poliana. Andei por alguns minutos antes de me deparar com o caixão exposto, meu coração parecia querer sair pela boca, meus olhos imediatamente ficaram marejados e não tive coragem para vê-la mais de perto. Mais ao canto Lucrézia estava jogada num sofá, com lágrimas nos olhos e um bebê no colo. Não pude me conter, corri até ela. Assim que ela levantou os olhos em minha direção, pude sentir a dor que ela estava sentindo, a angústia, decepção e lá no fundo a raiva. Seria raiva de mim? Sentei ao seu lado, num mix de receio e saudade, me pronunciei:

- Lucrézia? A... hum- eu era um idiota mesmo, não sabia o que dizer pra confortar alguém.

- É bom te ver Matteo. - Com um singelo riso de canto, tão fraco que quase não formava uma curva. Ela me interrompeu, até no pior momento ela permanecia forte, de fato era impressionante. Em questão de segundos as lágrimas dela começaram a cessar.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now