18- NUOVA CASA (Casa nova)

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Meio sonolenta, pisquei os olhos na tentativa de retardar os raios solares que entravam pelas frestas das cortinas. Dio mio! Que horas são?

Antes de me mover senti um peso extra sobre meu abdômen, era o braço de Piero que me envolvia. Ele parecia estar num sono profundo, os travesseiros estavam jogados no chão. E nós dois praticamente de conchinha. Merda! Nem sei em que momento da noite ele se engraçou pro meu lado.

Com muito cuidado afastei o braço dele e pulei da cama. Fiz minhas higienes no banheiro e sai. Na porta do quarto tinha dois armários, digo dois seguranças. Que me encararam, curiosos.

- Precisa de algo, senhora? - Um deles perguntou.

Respondi com a cabeça num gesto de negação e segui em direção às escadas. Chegando lá embaixo, não sabia para onde ir, fui andando despretensiosamente pelos cômodos até chegar na cozinha. Lá me deparei com uma senhora de estatura mediana, cabelos grisalhos e olhar simpático, que me olhou como se pudesse ver no fundo da minha alma.

- A senhora deve ser Lucrézia.

- Sou, mas não é preciso me chamar de senhora.

- Claro, desculpe senh... - A mulher riu. - É um velho hábito.

- Sem problemas! E qual o seu nome?

- Sandra. Sou a governanta da casa. Se precisar de qualquer coisa é só pedir, bambina.

- É um prazer conhecê-la, Sandra. - Ri sem jeito, tentando ser educada.

- Ora, o prazer é meu. É uma linda moça. Piero tem muita sorte. E meu bambino onde está?

- Piero? - Ignorei o comentário dela, não gosto nem um pouco de ser comparada ao um troféu que Piero conquistou.

- Ele mesmo.

- Ainda está dormindo.

- Piero dormindo?

- É, por que?

- É... Por nada, ele só não costuma dormir bem.

Vi a senhorinha tentar disfarçar a surpresa que minhas palavras causaram, aí tinha coisa mas vou deixar passar, por enquanto.

- Ah.

- Ai! Dio mio! Onde estou com a cabeça? Não lhe ofereci nada. Quer um suco? Bolo de chocolate? Café? Ou? O que quiser, posso preparar.

- Eu quero panquecas!

Antes que eu abrisse a boca, a voz grave de Piero se espalhou pela cozinha. E avistei seus belos olhos azuis, o maxilar bem delimitado e os fios castanhos jogados para trás sem muita elaboração. Uma visão digna dos deuses.

- Suas panquecas já estão prontas, deixe Lucrézia responder, meu bambino.

Os dois me olharam esperando uma resposta.

- Grazie! Mas estou sem fome, Sandra.

- Não vi você comer nada ontem a noite. - Piero rebateu.

Piero não perdeu a oportunidade de me agarrar por trás. Agora ele estava com os braços fixos na minha barriga e uma estranha e gélida sensação percorreu meu estômago.

- Esta é sua casa também. - Ele continuou ainda envolto no meu corpo e roçou a barba vagarosamente em mim.

Engoli a seco antes de me desvencilhar dos seus braços másculos. Tentei parecer o mais sutil possível, não pretendia transparecer para Sandra que existiam problemas no "paraíso". Ela esbanjava simpatia e tudo mais, só que não poderia confiar nela, desse jeito. Expressões benevolentes podem esconder muitos demônios.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Kde žijí příběhy. Začni objevovat