20- BUONGIORNO, FAMIGLIA! (Bom dia, família!)

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Cinco dias, cinco dias de casada, cinco dias que não vejo a minha irmã. Pode parecer pouco, mas para mim é uma eternidade. Matteo disse que ia dar um jeito de tirar Saveiro de casa e até agora nada, sei que ele está tentando, só que ficar parada e esperar nunca foi meu forte. Isso está me corroendo.

Apesar de evitar o convívio social nos últimos dias, resolvi descer para tomar café. Vesti um moletom grande, que era praticamente um vestido em mim e um short colado de malha por de baixo e segui no rumo da cozinha. Hoje tinha menos seguranças pela casa, um momento de calmaria, aparentemente. Chegando lá embaixo me deparei com Guero e Piero na ilha da cozinha e Sandra preparando algo no fogão.

- Buongiorno, bambina! - Sandra saudou assim que me viu.

- Buongiorno, Sandra!

- Só tem a Sandra aqui? Estou magoado. - Guero levou a mão ao peito, fazendo drama. E Piero sorriu bobo.

- Buongiorno, rapazes! - Os cumprimentei.

Piero acenou com a cabeça, porém não se pronunciou.

- Quer que eu prepare algo especial, piccola? - Perguntou Sandra.

- Grazie, mas posso me virar. - Apontei para a mesa farta, repleta de guloseimas, doces, pães, sucos e frutas.

- Tá vendo, Piero? Eu te disse que Sandra iria paparicar Lucrézia. - Guero riu do próprio comentário.

- Mas é claro! Finalmente tenho uma mocinha para cuidar, vocês já são um bando de marmanjos barbados.

- Desse jeito, a senhora vai deixar a garota mal acostumada. - Piero entrou na conversa, voltou o olhar para mim e passou a mão entre os fios de cabelo.

- Dio mio! Como vocês dois são invejosos. - Ri espontaneamente.

- Eu estou profundamente triste, jurava como eu era o seu preferido, Sandra.

Guero fez biquinho e começou a fazer cócegas na senhorinha que rapidamente pegou a colher de pau e bateu de leve nas costas do moreno. Piero rio alto ao ver a situação e eu também. Depois Guero e Sandra trocaram vários abraços e beijos de uma forma muito fofa e maternal, continuaram com as brincadeiras. Por breves instantes me senti feliz, me senti parte da família, contudo logo me lembrei que a minha irmã está presa com o Saveiro e a pouca alegria que senti se dissipou.

Abaixei para pegar um prato menor no armário e mesmo de costas percebi quando Piero inclinou a cabeça acompanhando o movimento do meu corpo, não sei como ele não caiu da cadeira, era óbvio que ele estava olhando para minha bunda, isso ficou ainda mais evidente quando Matteo chegou no recinto e lhe deu um tapa na nuca.

- Cazzo, fratello! - Piero murmurou enquanto alisava o local do tapa.

Quando retornei a postura correta e me virei para eles, senti minhas bochechas esquentarem de vergonha e para completar Matteo ainda levou os dedos até os olhos num gesto de " estou de olho". Não sabia onde enfiar minha cara. Guero ria da situação e Matteo voltou para geladeira, pegou um suco e se encostou no balcão próximo a pia. Fiz o prato e me sentei próxima de Piero. Que volta em meia tirava os olhos do prato e olhava para mim como se eu fosse a comida. Juro, não sei como não engasguei com ele me olhando daquele jeito. Matteo fitava Piero com repreensão e ele tentava disfarçar a cobiça. Dio mio! Eu tô muito fudida! Ao terminar fui lavar o prato na pia e aproveitar para falar com meu primo.

- Você já sabe o que fazer? - Falei baixinho para que só Matteo ouvisse.

- Acho que hoje, consigo tirá-lo de casa.

- Sério? - Sem dúvidas meu olhar se iluminou.

Antes que Matteo pudesse responder, um celular tocou e Piero atendeu no terceiro toque.

Vendetta di Lucrézia (Vingança de Lucrézia)Where stories live. Discover now