Amarga Vitória

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5 de novembro de 1993,
Hogwarts

Faltava apenas um dia para a partida entre Grifinória e a Lufa-lufa, e o vento já uivava por entre as janelas, enquanto a chuva caía, com mais força do que nunca. Os corredores ficavam escuros, antes mesmo do fim das tardes, e, nas salas de aula, precisavam acender velas e lanternas. Os jogadores do time da Sonserina desfilavam pela escola, com um ar muito presunçoso; Draco, mais que todos. "Ah, se ao menos meu braço estivesse um pouquinho melhor!", ele debochava, arrancando risos dos outros.

Eleanor não tinha lugar em sua cabeça para se preocupar com o jogo do dia seguinte. Ainda estava preocupada com a cena que havia presenciado, alguns dias antes, e a revelação de que o Professor Lupin era um lobisomem. Aquilo começava a pesar nos ombros dela, a deixando desatenta durante as aulas. Sem que ela nem mesmo notasse, seus olhos se enchiam de lágrimas toda vez que ela relembrava de como foi vê-lo gemendo de dor, cheio de machucados, do desespero que sentiu, do sangue dele em suas roupas...

– Eleanor!! – Hannah balançou as mãos na frente do rosto da amiga, a despertando do transe. – O que foi que deu em você hoje?! – Perguntou, enquanto todos saíam das estufas de Herbologia.

– Nada! – Arregalou os olhos; era uma péssima mentirosa, às vezes.

– Ok...? – Franziu o cenho, a lançando um olhar desconfiado. – Vamos, temos que ir pra aula de Defesa Contra as Artes das Trevas... – Disse, se virando e saindo da estufa.

Eleanor sentiu sua garganta dar um nó de novo. Não sabia se estava preparada para encarar Lupin tão cedo, depois de vê-lo naquele estado.

Chegando na sala de aula, parou na porta, fitando o local exato que o encontrou, jogado, quando o sol nascia, se contorcendo de dor. As manchas de sangue não estavam mais ali, e ela presumiu que os elfos haviam a limpado, ou, talvez, Dumbledore tivesse usado algum feitiço. Mesmo que não pudesse mais as ver, ainda conseguia dizer exatamente onde estavam, e seus olhos lacrimejavam. Precisou olhar para o teto para conter as lágrimas, e continuou andando até a mesa, onde suas amigas estavam sentadas.

Elas conversavam sobre o jogo de quadribol do dia seguinte, mas Eleanor não tinha ânimo para pensar nisso; sabia que era muito difícil da Lufa-lufa ganhar da Grifinória, já que, na última partida que eles jogaram um contra o outro, o jogo terminou em menos de 20 minutos. Não iria deixar de se esforçar, mas, também, não se preocupava com o que aconteceria.

Para piorar, Draco e seus amigos se sentaram na mesa da frente. Os dois ainda se evitavam; talvez, o fato de terem conseguido manter uma conversa relativamente amigável pela primeira vez os assustava, fazendo com que eles muito mal olhassem na direção um do outro.

Olhando por um lado, isso deveria ser bom para Eleanor, que tinha menos uma coisa para se preocupar. Pensando nisso, ela percebeu que encarava ele, que não percebeu, pois estava de costas, e se forçou a voltar sua atenção para qualquer outra coisa. Decidiu, então, olhar para um ponto fixo na mesa de madeira.

Menos de 10 minutos depois, se assustou com o som das janelas da sala se fechando, violentamente. Virou para trás e viu que o Professor Snape andava, em passos largos e apressados, até a frente da turma, e mexia a varinha na direção das janelas, as fechando. Chegando aonde queria, puxou uma pequena corda, fazendo descer uma grande tela que tampou a lousa.

– Abram os livros na página 394. – Disse, direto, fazendo todos os alunos se entreolharem, em extrema confusão, porém, o obedeceram.

_ Cadê o Professor Lupin? – Susan sussurrou para Eleanor, que deu de ombros, disfarçando. Na verdade, estava tão confusa quanto as amigas, mas, diferente delas, já imaginava o motivo de Lupin não estar ali. Snape, agora, andava entre as mesas, esperando que todos abrissem seus livros.

𝐂𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓𝐄𝐃↠Draco Malfoy (ATUALIZAÇÕES LENTAS)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora