O Berrador

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22 de janeiro de 1995
Hogwarts
09:57

A última semana havia sido um verdadeiro inferno para Eleanor. Todo o seu tempo livre era passado na biblioteca, se afundando em montanhas e mais montanhas de livros sobre feitiços aquáticos, mas não encontrava nada que servisse. Havia voltado á antiga rotina de voltar para a Sala Comunal depois do toque de recolher, exceto que dessa vez, passava todo o seu tempo sem ser interrompida por um certo par de olhos azuis.

Tudo que sentia por Draco ainda era raiva, mas havia algo dentro dela, por menor que fosse, que esperasse que ele surgisse e voltasse á ajudá-la com a tarefa, como antes. Quando tudo era tão mais fácil. Maldito dia em que decidiu contar sobre seus sentimentos, maldito dia em que pediu para que ele a beijasse, maldita chuva e maldito Draco Malfoy.

Durante toda a semana, continuou recebendo cartas violentas e de ameaça dos leitores sangue-puro do Profeta Diário, mas sequer as lia; Cedric as rasgava no momento em que Alaska as soltava em cima da mesa. Em uma das ocasiões, inclusive, ele teve as mãos queimadas por alguma substância suspeita que colocaram dentro de um dos envelopes, e precisou ir para a Madame Pomfrey. Eleanor passou o resto do dia se desculpando, mas ele não aceitava as desculpas, já que não era culpa dela.

Porém, na sexta-feira, algo pior foi entregue. Um envelope vermelho, chamativo, ao pousar na mesa, começou a flutuar em frente á seu rosto, fazendo com que ela se engasgasse em seu próprio suco.

Um berrador.

– Ah, não, ah, não... – Cedric vociferou, tentando pegar o envelope com suas mãos, mas parecia estar encantado para que ninguém o pegasse. – ALGUÉM PEGA ISSO ANTES QUE...

Não houve tempo. A dobra da carta se abriu, formando um perfeito rosto, e Eleanor escutou uma voz desconhecida preencher todo o Salão Principal.

Não era nada que não havia lido nas outras cartas, mas era diferente quando aquelas palavras eram cuspidas no seu rosto diante de todos os seus colegas de escola e professores. Não sabia se o nó em sua garganta era vontade de chorar por tristeza ou por pura raiva, mas tudo que pôde fazer foi abaixar a cabeça e tentar ignorar tudo.

Começou a focar sua mente em outras coisas; de vez em quando, seus pensamentos voltavam ao berrador á sua frente. Escutou algo como "sangue-ruim imunda", "garrinhas nojentas", "escória como você", "pirralha desprezível", "fedelha interesseira" e "gente da sua laia". De repente, os gritos cessaram, antes mesmo da carta terminar.

Todos, que antes a olhavam, passaram á olhar para a mesa dos professores, onde Dumbledore tinha sua varinha erguida na direção de Eleanor e uma expressão séria no rosto. Eleanor levantou a cabeça, o olhando também, e mesmo de longe, ele reparou que ela tinha os olhos marejados.

– Voltemos á comer, por favor. – Ele disse, gesticulando lentamente com as mãos e, aos poucos, o falatório no Salão Principal voltou ao normal.

Eleanor, aproveitando a distração, se levantou da mesa e apressou o passo até o corredor. Chegando lá, se encostou contra a parede e fechou os olhos, respirando fundo. Nunca se sentiu tão humilhada na vida.

Escutou um par de passos sair do Salão Principal e andar, lentamente, na direção dela. Ainda assim, não abriu os olhos, pois imaginou ser Cedric, ou então, Justin e Ernie, pois eram passos de menino.

– Eleanor... – A voz fria de Draco fez um arrepio subir na espinha dela, e Eleanor abriu os olhos rapidamente, o encarando.

Ele reparou que seus olhos estavam marejados, á um fio de chorar, mas sua expressão não estava mais triste. Agora, ela o olhava com raiva.

𝐂𝐎𝐑𝐑𝐔𝐏𝐓𝐄𝐃↠Draco Malfoy (ATUALIZAÇÕES LENTAS)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora