Dia a Dois!

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1. Como foi para você ouvir sobre a condição de saúde do seu marido?
R: Foi um choque ouvir o diagnóstico dele, nunca estamos prontos para ouvir algo desse tipo relacionado a alguém que amamos. É o tipo de informação que dói só em ouvir, e o medo consome desde o momento do diagnóstico.
 
2. Você sentiu medo ao ouvir sobre o ocorrido em Paris?
R: Muito, houve um segundo que senti como se a terra havia diminuído seu movimento, e todos menos eu seguiam normal, foi como se só eu sentisse isso, ninguém mais sentia o meu medo. Senti a mesma coisa ao perder nossa filha, parecia que todos seguiam no ritmo normal a minha volta, e só eu sentisse o movimento diminuir, pois ninguém mais sentia a dor na mesma intensidade que eu. Meu caminho até Genebra foi de medo e incerteza, estava totalmente sem noticias de Steve e apavorada com o que receberia ao chegar lá.
 
3.  Como se sentiu ao ver o Steve no estado em que ele estava?
R: Foi extremamente difícil, como eu disse não estamos prontos para ouvir que alguém que amamos esta com câncer, e não estamos preparados para ver quem amamos sofrendo, mas precisavamos manter a força e a fé que dias melhores viriam.
 
4. Em algum momento achou que ele não sobreviveria?
R: Sempre vi meu marido como um homem forte, e determinado, e desde o inicio busquei manter o pensamento positivo, e acreditar na cura dele. Tentei me manter a mais positiva e forte possível para apoiá-lo como ele precisava, mas sempre temos o medo da incerteza do dia seguinte, mas meu medo não era maior que a fé na capacidade dele de agüentar firme, eu tinha medo da incerteza, mas precisava manter a fé na cura, pois não conseguia me ver sem o meu marido.
 
5.  Qual o pior momento que mais consegue recordar?
R: Meu marido entubado em estado de coma, hoje já é algo que me recordo quando penso no assunto, mas nos primeiros dias após o transplante dele, eu fechava meus olhos e via a cena, precisava ver ele acordado e bem para me certificar que não era real, parecia um pesadelo sempre que fechava meus olhos, e conseguia sentir a angustia do exato momento em que o vi assim.
 
As duas últimas perguntas a deixam emotivas enquanto responde, e precisa conter-se para não chorar na frente de Suzan que a observa, com uma expressão acolhedora no rosto, um olhar de empatia, e ainda assim Nat não queria se mostrar fragilizada, pensava que já havia chorado demais em tantos momentos nos últimos meses.
 
6. Você foi a doadora da medula, como foi isso?
R: Bom, é um processo intenso e tive que passar por tudo muito rapidamente, a preparação que pode durar semanas, precisei fazer isso em menos de três dias, foi uma experiência intensa e marcante, lembro de ao fim de todos os testes estar cansada como se tivesse corrido uma maratona, mas meu coração estava tranqüilo em saber que estávamos mais próximos daquilo que eu, a família e amigos orávamos todos os dias.
 
7. Quando descobriu ser compatível com seu marido, pensou muito se iria doar?
R: Não, eu não precisei pensar duas vezes no que faria, estava decidida no momento em que o teste de compatibilidade mostrou-se positivo. Fui aconselhada e guiada por uma grande equipe médica, passei por médicos, psicólogos, hematólogos, toda uma equipe que me explicou e guiou desde o começo, então assim que os exames se mostraram compatíveis para doar, eu estava mais que pronta para isso.
 
8. Sem medos?
R: Sem medos, sem receios e cheia de esperança que a medula pegaria e meu marido ficaria bem. Não me arrependo do que fiz, nunca irei me arrepender.
 
9. Como é o processo durante e após o procedimento?
R: Durante é algo que não posso detalhar, estive sedada todo o momento, mas basicamente minha medula foi removida de forma segura, tanto para mim quanto para o receptor, foi um processo rápido e me senti segura nas mãos dos profissionais. Após a doação, foi um pouco doloroso meu corpo estava estranhando a falta de algo, eu senti dores e estava fraca, mas estes sintomas permaneceram por uns três dias no máximo, precisei tomar medicamentos e seguir uma dieta para evitar uma anemia após a retirada da medula, tudo foi um sucesso e sou grata por isso.
 
10. Quando os sintomas após a doação surgiram, em algum momento repensou o seu ato?
R: Definitivamente não, o que eu senti não foi nada comparado ao que sentia vendo meu marido sofrendo, as dores que senti eram suportáveis, não é nada extraordinário, nada que não possamos suportar,posso dizer firmemente, eu faria quantas vezes fossem necessárias.
 
11. Como descreveria essa fase que passaram?
R: Eu diria que foi a fase mais escura que já passei, assim como a perda da nossa filha mas o medo de perder meu marido depois de ter perdido nossa garotinha deixou tudo mais intenso, eu não estava curada do luto materno e estava apavorada com a idéia de unir a perder dele junto a dela. Lembro de pensar que a família que um dia almejei junto a ele iria se desfazer, primeiro perdi a minha filha da maneira mais cruel que uma mãe poderia imaginar, e depois poderia o perder da maneira mais injusta. Foi o momento mais assustador e desafiador que já passei em toda minha vida, mas nós vencemos e Steve vive, não poderia estar mais grata e feliz com isso.
 
12. Têm planos para o futuro?
R: Sempre, fiquei um tempo fora a cuidar do Steve, então estou focando no meu trabalho, mas quanto ao casamento temos planos de viagens, queremos conhecer o mundo juntos, basicamente queremos viver da maneira mais intensa possível.
 
Natasha opta por deixar de fora que estavam a tentar ter um filho, não queria expor isso ainda, queria guardar para si esta parte, proteger-se enquanto podia.
 
— Bom, foi um prazer ouvi-la Natasha – Suzan exclama ao fim de toda a entrevista, ambas cumprimentam-se de pé. — Vou marcar a sessão de fotos para amanhã, você e Steve farão as fotos para as capas e a matéria.
 
— Tudo bem, avise-me o horário, obrigada por ouvir minha versão.
 
— Acredite, o prazer foi meu, fico feliz que tudo tenha dado certo no fim das contas e encantada com seu gesto de amor. – Suzan responde a fazendo sorrir e ambas despedem-se na porta da sala de Natasha antes da mesma seguir seu caminho.
 
— Vamos lá Natasha, tem muito que fazer – Nat exclama sozinha em sua sala e é onde permanece quase todo o restante do dia, deixando-a somente para uma reunião que lhe roubou duas horas e meia de sua função.
 
Na manhã seguinte, lá estava ela a observar a movimentação no estúdio de fotos a qual ela e o marido encontraram-se com Suzan. O casal havia despertado cedo, para dar inicio ao dia com este compromisso totalmente incomum na agenda de ambos, iriam fotografar para as capas e as matérias que fizeram, Natasha havia solicitado Gio e Caleb para cuidarem de sua maquiagem e cabelo, e a dupla estava a preparar a bancada onde ela ficaria, enquanto isso Darcy e ela estavam próximas a mesa de café que deixaram preparada para eles, Darcy comia uma sanduíche e ela algumas uvas para manter-se alimentada e ocupada.
 
— É como estar trabalhando para uma super modelo. – Gio exclama a enrolar os cabelos de Natasha, enquanto ela de costas para o espelho observava o marido a ser fotografado.
 
— Você e seus elogios incansáveis, enfim pode continuar. – O cabeleleiro ri ao ouvir a resposta da amiga, e Nat segue vidrada no marido, em frente ao fundo usado para as fotos, sentado em um banco com roupas mais simples, havia escolhido isso, não queria roupas de CEO, então optou por uma blusa de mangas cumpridas a qual ele deixou dois dos três abertos,e calça, e sapato social, e ainda assim aos olhos da esposa ele estava perfeito. — Eu sou sortuda, não sou?
 
— Demais, nasceu virada para a lua. – Caleb responde a observar as fotos, já havia maquiado Natasha, e aguardavam Gio finalizar, assim como as fotos de Steve para iniciarem as dela. Para as fotos de Steve foram usados um fundo azul, e ele estava sentado sobre um banco de mogno escuro, parecia desgastado, mas era parte do charme do móvel, dava um ar de antigo.
 
Steve coloca-se de pé e vai até o computador onde exibem as imagens feitas dele, a seqüência de fotos, para a surpresa dele havia tantas imagens,algumas até repetidas e ali junto ao profissional e a Suzan eles fazem as escolhas das melhores imagens, as prováveis a virarem a capa.
 
— Você esta linda. – Steve elogia a esposa quando Natasha esta de pé em uma espécie de macacão, preto com detalhes em branco nas alças, meias brancas e saltos pretos, uma roupa toda monocromática,  seus cabelos estavam enrolados nas pontas, maquiagem leve, estava de fato linda.
 
De pé ao lado do computador, ele observa as imagens de Natasha surgindo na tela conforme o fotografo clicava suas poses, o fundo das fotos havia sido alterado para ela, agora usavam um fundo cinza com chão branco, e haviam mudado o banco dela para um pintado de branco, dessa forma as capas assimilavam-se. Suzan explicou que a idéia era deixar a capa simples, sem muito detalhe nos fundos e sem muitos detalhes em volta deles, para expor através dos tons um pouco do sentimento do momento, Steve usara um fundo mais escuro para representar seu momento perante a doença que enfrentou, e Natasha usava tons claros como representação ao seu ato simples de empatia e amor ao próximo, sendo este próximo o seu próprio marido, de alguma forma as cores se completavam, ele precisava da luz representado pelo tom branco, e como Suzan era a diretora da revista e tinha uma equipe criativa, ambos não discordaram do que ouviram.
 
— Ela é perfeita.
 
— E você ta babando por ela. – Darcy opina ao lado do amigo que sorri. — Suas fotos ficaram ótimas também, são ambos bonitos.. imagina uma criança com os dois genes? Não vai ter para ninguém mais, vou poder exibir e falar " sim eu sei quem fez, sim eu tou tia".
 
— Você é única sabia?—Steve a abraça sobre os ombros. — Seu aniversário ta chegando, já pensou no que vai fazer?
 
— Sinceramente? Nem pensei nisso. – Darcy responde.

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