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"Não sei exatamente o que ele espera de mim." - Amélia Campbell. _______________________________
O Sr. Lweis arrumava as prateleiras com a ajuda de Amélia já no final do expediente, o homem separava alguns livros infanto-juvenil para um orfanato que apadrinhava, apesar de nunca ter tido filhos ele era completamente apaixonado por crianças e sempre que podia fazia visitas e levava alguns brinquedos e livros para os 'pequenos pestinhas' que era a forma carinhosa que os chamava.
"Agora que estou velho me sinto arrependido de não ter tido filhos, iria ser ótimo ter netos correndo por ai. Quando Abigail descobriu que não poderia gerar uma criança foi realmente difícil para nós dois, ela sabia que era o meu maior sonho e se sentiu culpada por tirar aquilo de mim." Comentou com aquele típico olhar nostálgico que sempre carregava ao falar da falecida esposa.
"Vocês nunca pensaram em adotar?" Perguntou parando o que estava fazendo e se virando para prestar atenção no que o mais velho contava.
"Naquela época eu tinha um pensamento alienado sobre adoção, não posso dizer que não cogitei, mas a ideia de ter uma criança que não era minha em casa não me parecia o ideal, eu era um idiota ignorante." Falou soltando uma risada e sendo acompanhado pela garota.
"Era mesmo, mas o que a senhorita Abigail pensava sobre isso?"
"No começo nós decidimos apenas viver as nossas vidas esperando que talvez um milagre acontecesse, ela era uma mulher muito religiosa, odiava a igreja, padres e pastores mas sempre foi fascinada por teologia, e acreditava com todas as suas forças, então em um certo momento começou a achar que aquele não era seu propósito no mundo, sempre dizia 'Deus não nós da fardos que não possamos carregar, se ele me deu um ventre infértil deve estar guardando outras bênçãos para mim, para nós', não sei dizer se ela estava completamente certa mas de fato conquistou quase tudo o que desejava."
"Ela era muito inteligente e apesar de não ter certeza se acredito de fato em um Deus admiro a forma como sempre via o lado bom das coisas." Colocou os últimos livros nas caixas para doação podendo finalmente fecha-las.
"É ela era." Sorriu como se sentisse sua presença, sempre que falava sobre sua amada mulher era como se pudesse a sentir ali do seu lado. "Ela adoraria te conhecer, vocês até que são parecidas, teimosas e metidas a sabichona, se dariam bem." Diz em tom de reclamação e a loira o olha surpresa, sabia que aquilo era o melhor elogio que o velho poderia dizer para alguém, quase pode sentir seus olhos marejarem.
"O-obrigada Sr.L, eu me sinto honrada de escutar isso, de verdade." Sorriu para ele que apenas deu os ombros e correspondeu com um meio sorriso.
"Não fique tão feliz, ela conseguia ser insuportável quando queria, que nem você."
"Ai Ai, o senhor é muito chato, era mais fácil admitir que eu sou a melhor funcionaria que poderia ter e que vai me dar um aumento por ficar até mais tarde separando esses livros." Falou recebendo apenas uma revirada de olhos.
