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Sábado, dia dezenove de novembro, feriado prolongado na faculdade. Amélia terminava de dobrar os casacos que colocaria na mala para New Orleans, eram as últimas peças que faltavam, passariam com Sarah e Sam o dia de Ação de Graças, na verdade, toda a semana.
Fazia quase quatro meses do fatídico dia onde Karli morreu bem diante dos seus olhos. Algo engraçado sobre mortes trágicas é que em filmes e séries, quando você vê todo o sangue misturado com uma trilha sonora excitante pode parecer algo legal, ainda mais quando a trama inteira foi criada para você acreditar que aquilo era o certo, mas quando acontece na vida real, onde existem um milhão de variáveis e nada nunca está cem por cento claro, não é tão simples, a cena fica se repetindo na sua cabeça centenas de vezes, até que aparecem em seus sonhos, ou melhor, pesadelos, tirando suas únicas horas de paz e uma parte insistente da sua consciência não deixa aquela lembrança ir embora, por mais que você tente. E era assim que Amélia se sentia, na maioria das vezes.
Depois que tudo acabou e ela colocou os seus pés em casa sentiu algo que não sentia a muito tempo, alívio (o que não durou muito, diga-se de passagem.), e então decidiu que esqueceria tudo que aconteceu, Karli estava morta, não tinha o que fazer, não havia mais uma ameaça, e era naquilo que ela queria acreditar, ignoraria qualquer ligação que lhe foi feita, ou qualquer dica que lhe foi dada, Amélia não era uma super heroína nem uma investigadora, aquilo não era o seu trabalho, não tinha poderes e muito menos força para estender essa luta. Estava esgotada de todas as formas e por mais que soubesse que havia mais nessa história do que lhe foi contado, não correria atrás, pelo menos foi isso que decidiu há quatro meses. E as coisas até que estavam indo bem, na medida do possível, até então.
"Boneca você sabe que o mínimo que vai fazer em New Orleans são quinze graus, não sabe? Não precisa desse tanto de casaco." Disse James ao entrar no quarto, arrancando uma careta emburrada da garota.
"É claro que precisa, é feriado de ação de graças, se eu não levar pelo menos dois dos casacos que a Sarah me da de presente todo ano ela vai achar que eu não uso eles." Explicou.
"Nossa, que alívio, achei que você tinha comprado esses casacos e usava por vontade própria." Estampou um sorriso sacana.
"Ha, ha, muito engraçado, se eu fosse você não falaria mal dos casacos perto dela, sempre que o Sam reclama vira uma grande bagunça, e acho melhor você sorrir e agradecer quando ela te der o seu." Sorriu e passou os braços ao redor do seu pescoço ao ver a expressão do mais velho mudar para uma carranca.
"Eu não vou usar nada que se pareça com essa coisa feia, nem morto." Reclamou revirando os olhos.
"Vai sim, e você sabe disso." Sussurrou perto de sua orelha o sentindo ficar arrepiado.
"Você é péssima Amélia Campbell, muito mesmo." Reclamou contrariado e com a voz mais baixa a apartando conta sí.
"Eu sei, mas é melhor irmos logo, se não vamos perder o voo." Lembrou se afastando, o que não obteve sucesso já que o moreno a prendeu contra o seus corpo novamente. "James... precisamos ir logo." Repreendeu.
