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A viagem seria amanhã, Amélia havia saído com Sarah e as crianças para algum parque de diversões aproveitando ao máximo o último dia com elas. Sam e James amarraram alguns colchonetes nas arvores e treinavam com o escudo de Steve, estava mais para um brincadeira, jogavam e quando voltava tentavam pegar de volta, para Sam era estranho segurar aquilo novamente, antes sentia que havia um outro dono, e agora parecia diferente, como se não tivesse dono nenhum.
"É estranho, pega-lo de novo." Falou se referindo ao escudo e o jogou novamente contra a arvore fazendo James pegar assim que voltou. "O legado desse escudo é no mínimo complicado." Completou.
"Quando Steve me disse o que planejava acho que não entendíamos como seria para um homem negro receber o escudo. Como poderíamos? Te devo desculpas sobre isso, sinto muito." Devolveu o escudo para a sua mão. James não poderia ir embora antes de dizer aquilo, era necessário.
"Obrigada." Sentiu um peso saindo das suas constas ao escutar aquelas palavras.
"O que aconteceu com Walker não foi culpa sua. Eu entendo, é só que esse escudo era a coisa mais próxima que eu tinha de família, então quando o aposentou eu senti que não tinha restado mais nada. Me fez questionar tudo, você, Steve, eu. Sabe, eu tenho o caderno dele e achei que se funcionava pra ele funcionaria pra mim." Explicou o moreno, agora ele conseguia ver que tinha muito mais do que o escudo, tanto com Sam quanto com Amélia, eles eram como família.
"Eu entendo cara, mas o Steve se foi. Isso pode ser uma surpresa mas não importa o que o Steve pensava, pare de olhar para os outro para lhe dizer quem você é."
"É eu sei, o caderno não me ajudou, não precisei dele, no final eu encontrei o meu próprio caminho a minha própria redenção." Sam o encarou, se sentia orgulhoso de certa forma.
"Ei cara, uma pergunta... Ainda tem os pesadelos?"
"Tenho, mas não são iguais a antes, as vezes ainda sonho com lembranças daquele tempo, mas é mais raro, ultimamente sonho com o que eu tenho medo de perder. Talvez isso seja bom, me lembra que uma parte de mim ainda está aqui, e uma parte do Soldado Invernal também."
"Você está tendo uma oportunidade de recomeçar de verdade agora, isso é o mais importante, tem que aproveitar." James não pode deixar de soltar um risada.
"Boa conversa." Provocou fazendo Sam rir, apertaram as mãos, quase como uma despedida antecipada.
"Sabe que Karli não vai desistir, não é?" Lembrou.
"Me chame quando tiver uma pista, estarei lá. Mas por enquanto tenho que levar uma garota pra Nova York."
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O voo saia em duas horas. Amélia tentava entrar na caminhonete de Sam mas Jody chorava em seu colo agarrada no seu pescoço, os pequenos soluços da garotinha partiam o seu coração.
"T-tia Amy, por favor fica com a gente." Pediu com a voz arrastada.
"Eu queria tanto Jody, mas pode ficar tranquila que assim que puder eu vou vir aqui te visitar." Disse perto do seu ouvido tentando não chorar também, mas era impossível, seus olhos já se encontravam molhados.
"Eu queria ir pra faculdade com você!" Admitiu com um biquinho.
"Daqui a pouco você vai, já está ficando grande."
"Vem querida, precisamos deixar a Amy ir." Falou Sarah pegando a mais nova e colocando no colo de Sam para que pudesse se despedir também. "Vou sentir saudades, se você não me ligar pelo menos três vezes na semana eu vou em nova York puxar os seu cabelos." Ameaçou a abraçando logo depois. Amélia a apertou o máximo que pode como se pudesse mostrar o quanto sentiria a sua falta com aquele abraço.
"Vou passar fome sem você lá." Reclamou.
"Você sabe que não, só tem preguiça de cozinhar, mas até que é boa nisso." Retrucou.
"Prefiro a sua." Soou quase como birra o que fez Sarah rir.
"É claro que prefere." Se gabou.
"Ei Jim, não vai me dar um abraço?" Perguntou secando algumas lagrimas teimosas.
"Você iria embora sem se despedir de mim?"
"Não?" Respondeu confusa e o garoto abriu um sorriso zombeteiro.
"Então não vou me despedir." Aquilo foi o suficiente para fazer todos rirem, de certa forma até aliviou o clima, sentiria falta disso. "Estou brincando, sei que esse lance de NY é importante pra você, vou sentir sua falta, Amy." A abraçou.
"Você está ficando cada vez mais esperto." Disse o soltando.
"Temos que ir, se não vocês dois vão perder o voo." Alertou Sam já entrando no carro junto de James, Amélia ficou no banco de trás e abaixou a janela acenando para os três que ficaram, a garotinha ainda parecia triste mas já havia parado de chorar.
O caminho até o aeroporto foi tranquilo e silencioso, Amélia estava perdida demais em seus pensamentos. A verdade é que antes de conhecer Sarah e a sua família ela esteve sozinha durante praticamente toda a sua vida e era acostumada com isso, então quando foi embora da sua cidade deixando tudo o que tinha para trás, nem por uma fração de segundo doeu tanto quanto estava doendo naquele momento. Mas não era uma coisa ruim, se ela estava sentindo aquilo significava que tinha pessoas com as quais ela se importava e isso era bom para alguém como Amélia. Ela foi feliz ali, de uma forma que nunca tinha sido.
Quando a caminhonete estacionou James desceu rápido pegando as duas malas que estavam na parte de trás, Amélia respirou fundo se juntando aos outros dois.
"Como você está se sentindo princesa? Você é uma universitária agora, então melhora essa cara e aproveita." Falou Sam colocando o braço nos seus ombros.
"Vou sentir saudade Sammy, mas sei que logo logo você vai estar lá, não desgruda da gente." Disse com um sorriso.
"É talvez eu faça uma visitinha." Piscou um olho e se virou para James. "E você, lembra do que eu disse, só depois dos trinta." A garota franziu o cenho sem entender mas o moreno parece ter entendido muito bem já que gargalhou.
"Se não quiser pagar o estacionamento é melhor ir Sam." Alertou James fazendo o mesmo olhar o relógio.
"A regra é nunca pagar estacionamento de aeroporto, custa o meu rim, então tchau pombinhos, se cuidem." Falou por último entrando no carro e dando um aceno.
Amélia se virou para James passando os braços pelo o seu pescoço e subindo na ponta dos pés tentando ficar mais próximo de sua altura.
"Nós estamos indo para NY, eu nem acredito." Exclamou animada distribuindo beijos no seu rosto.
"Você está bem? Parecia meio triste no carro." Perguntou colocando o braço em volta da sua cintura e caminhando na direção dos portões.
"Só estou com saudade deles, e com um pouco de medo também, a última vez que me mudei foi... complicado." Disse se lembrando.
"Mas dessa vez você não está sozinha, e nem está fugindo."
"Tem razão, vou focar nas partes boas agora, afinal eu estou indo pra Columbia! Mas posso te fazer uma pergunta?" Se lembrou.
"Faça."
"O que Sam quis dizer com só depois do trinta?" O rosto de James se comprimiu em um riso nervoso e ele deu os ombros.
"Nada boneca, Sam as vezes fala umas coisas meio sem sentido, sabe como é..."
