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3|PRIMEIRO DIA DE AULA
Vanessa pov

— Tenha um bom primeiro dia de aula, senhorita Winston. — Gil desejou, sorrindo pelo retrovisor do carro — Que horas devo buscá-la?

— Às 13:00, Gil. — respondo, de olho nos vários alunos do outro lado do vidro escuro — Eu vou me reunir com o clube de artes, então vou demorar. Bom trabalho pra você! — abro a porta, sentindo minha frequência cardíaca bater na garganta.

— E senhorita Winston?

Me virei para Gil, novamente.

— Sim?

— A senhorita está brilhante. — sorriu, me fazendo notar meu polegar brincando com o pingente do colar em meu pescoço. Uma mania chata que acontece sempre que estou nervosa quando exposta em público. Meu motorista de bochechas grandes e baixinho me faz sorrir com mais calma.

— Você é um anjo, Gil. Obrigada. — me despeço, me virando para o prédio antigo e as grades recém trocadas.

Dou dois passos e repito-os até a entrada, a alguns metros da escadaria. Minhas batidas agora batem felizes ao ver uma silhueta abaixada perto das portas duplas, amarrando as botas desgastadas distraidamente enquanto se perdia em pensamentos encarando os dois Ipês amarelos.

— Li seu livro!

É a primeira coisa que digo segurando seus ombros. Vejo o brilho da surpresa ser processado e substituído por um sorriso agradecido.

— Sério?

Assenti, sem pensar duas vezes.

— Suas palavras, sua...sua escrita, amiga! — a balancei — Tá incrível! Incrível! Incrível! Incrível!

— Obrigada. — nos abraçamos — Mas você sabe que não é um livro, exatamente, não é? — diz em meu ombro, sua respiração em meio uma risada tímida, fazendo cócegas na pele — São só...algumas frases e cartas.

— Cale a boquinha, vai. É um livro sobre frases e cartas, e ponto final. — a empurro de leve.

— Me deixe ver como você está. — me fez afastar, me analisando de perfil.

— Olha, olha, olha. — me viro de lado. Aponto para meu pescoço, o resultado do último procedimento que fiz.

— Estou vendo. Doeu? — se mostrou curiosa. Ela sempre fica assim quando conto algo que me deixa feliz e satisfeita. Apenas balancei a mão desleixadamente, em resposta.

— Que nada. — sorri — É bem simples pra retirar a cartilagem. Me sinto muito melhor sem aquela coisa me incomodando. Não aguentava mais olhar pro meu pescoço, sério.

— Fico feliz que se sinta melhor agora. Está feliz, não está? — agora é ela que me segura pelos ombros, nós duas sorrindo uma pra outra.

Assim que fiz menção para responder, sou interrompida por uma garota do último ano. Não a conhecemos muito bem, apenas de vista, e ela sorriu e acenou para nós.

— Oi, Alessa. Oi, Vincent. — e passou, seguindo seu caminho, sem mais, nem menos. É como levar uma pancada no estômago, penso, sentindo um bolo incômodo na garganta.

Rei Do DesastreWhere stories live. Discover now