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29|BOM GAROTO
Vanessa Pov

Tomo o terceiro copo vermelho da sua mão desde que chegamos – o que não faz nem quinze minutos – e a puxo pelo ombro. Ela cambaleia e embola em seus passos, o que me faz segurar seu cotovelo com mais força ainda.

— Vem, vamos sair daqui, agora.

Eu rosnei? Talvez tenha rosnado.

— Sabe o que eu mais odeio em Kendrick Evans?

Alessa tira os cachos do rosto quando a deixo sentada em um sofá vazio da segunda sala da casa de Hillary. A casa está completamente amontoada de gente bêbada e fantasiada, mas este cômodo em especial, está vazio.

— Ele é tão bonito que eu não poderia chamar ele de feio, porque estaria na cara pra todo mundo que é uma tremenda de uma mentira!

— Diga isso pra ele, mais tarde — zombo, pegando o celular do bolso interno da jaqueta roxa que estou usando.

Ela não faz parte da fantasia de Daphne – nem meus coturnos lilás, nem o resto das minhas roupas –, mas eu nunca iríamos ganhar o concurso de melhor fantasia se eu vestisse aquele crime de roupa estranha. Eu troquei tudo por um vestido lilás, da cor dos coturnos que Am me emprestou, e meias brancas 7/8 com um lenço de seda no pescoço.

Não era tão igual, mas...ao menos não estou mais ridícula do que estaria se não tivesse um senso de moda muito bom.

Ao contrário de mim, Alessa adorou a dela, tanto que não mudou absolutamente nada, apenas a peruca, já que ela não trocava seus cachos crespos por nada naquele mundo.

O moletom laranja lhe caiu muito bem junto com a saia de couro vermelho escuro, talvez um pouco mais curta do que imaginas, mas muito, muito bem bestida. Ela deixou o cabelo solto e decidiu usar os óculos de armação quadrada junto com os saltos bombas robustas de plataforma.

— Eu não vou voltar a falar com Kendrick Evans! — soltou, largada no sofá espaçoso.

— Ah! Porque ele roubou sua lista de namorados fictícios e leu sobre cada um deles apenas pra conquistar você — bufo, teatralmente — Poxa! Kendrick Evans é o pior cara de todos!

Ela faz careta, agora se encolhendo ali, entre as almofadas.

Eu odeio ele — murmurou, parecendo triste, de repente — Odeio porque ele não deveria ter fingido ser um babaca por esses anos.

Ponho as mãos na cintura, soltando o ar pela boca. É óbvio que essa raiva toda é apenas um escudo – como ela sempre faz – para não notarem o quanto ela está quebrada.

— Está gostando dele, não está, coração? — mexo em seus cachinhos com cuidado para não desmancharem. Ela apenas balança a cabeça minimamente, então se encolhe mais um pouco — Vou pegar uma água pra você.

E me levanto.

O corredor até a cozinha está completamente aglomerado de pessoas barulhentas, outras apenas fumavam algo que deixava o odor do lugar deplorável.

Salto quando meu ombro vai de encontro à outro bem no arco que levava para o meu destino. Ao invés de me dar espaço para passar, ele dá um passo para trás e me puxa com delicadeza para dentro do cômodo.

— Você fica bem de Daphne, Daphne — Lerroy se senta no banquinho baixo no canto. Sorrio para ele, indo procurar por um copo nos armários.

Rei Do DesastreWhere stories live. Discover now