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5|UM ALIADO
Vanessa pov

Jogo a sexta pipoca na boca enquanto planejava o momento certo para começar meu plano em ação. É clichê. É muito clichê. Mas fazer o quê se passei a infância inteira tendo Operação Cupido como filme favorito?

— O que vai fazer depois da aula?

Eu amo clichês. São fofos, tiram a gente do tédio e nos iludem com milhares de criações femininas como caras perfeitos que deixam nossa expectativa tão alta que nenhum garoto real — Principalmente em Middway — possa alcançar.

— Nessa.

Mas não posso fazer isso sozinha.

— Nessa?

Eu preciso de um aliado.

— Está me ouvindo?

Alguém como...

— O que o DeLuca está fazendo?

Me sobressalto da mesa, finalmente tendo a visão de Alessa como foco e a observando franzir a testa para um ponto no refeitório. Me viro e vejo DeLuca ser uma espécie de cesta com a boca para as balinhas Starbusts que Kendrick lhe jogava.

— Esquece. — Alessa rolou os olhos — É besteira, como sempre. — me lançou um sorriso tedioso — Está me ouvindo?

Pisco algumas vezes.

— Estou. Claro que estou. — disfarço, pegando mais um punhado de pipoca — Do que...estava falando? — abro um sorrisinho inocente quando minha amiga ali semicerra os olhos.

— O que deu em você? Parece estar no mundo da lua desde que saímos daquele auditório.

— Não é nada. É o lance do Lerroy e da Sanderson...— suspiro, sabendo que não estou, em parte, mentindo — Um dia aqueles dois vão me tirar do sério.

— Eles tiram qualquer um do sério. São dois inúteis, deviam ser parentes. — ela faz uma careta, e eu faço o mesmo com a ideia horrenda — Não duvidaria se fossem. Voltando ao que você não estava ouvindo...o que vai fazer depois da aula?

— Ah, reunião do clube de artes. Preciso renovar a matrícula. — ela concorda. Todos os anos desde que começamos o fundamental até hoje, eu nunca faltei uma aula sequer de artes. É minha matéria favorita, minha habilidade favorita e nunca canso da sensação de traçar linhas com a ponta de um pincel até formar algo mais nítido, que sempre me surpreende.

— Vou falar com o clube do jornal. Quero deixar bem claro que vou ter minha participação em algumas manchetes desse ano.

— Estou supresa que a Sanderson deixou você voltar depois da manchete sobre o mal da estética nos últimos anos. — sorri para ela, lembrando do caos que foi essa notícia — Ela ficou ofendida, de verdade.

— Não tenho culpa se os procedimentos dela deram errados. Ela não procura um bom cirurgião. — prendeu o riso, batendo a mão uma na outra sem provocar som, as limpando dos farelos de bolo que a mesma havia comido. — Não sei que horas eu vou embora, então acho que não vamos nos ver a tarde.

— Posso passar na sua casa como combinamos?

A sirene soa pelo refeitório.

— Você sabe que sim. — piscou, se levantando em despedida para ir até a sala da próxima aula. Espero Alessa sumir pelo corredor para me virar na mesma direção de antes.

Fico mais um pouco, observando discretamente os dois garotos rirem de algo enquanto conversavam. Kendrick e DeLuca estão distraídos, e penso se é realmente uma boa ideia ter o garoto dos porcos como segundo cupido. Ele não faria o trabalho complexo, é claro. Eu fico com o planejamento, ele com a parte prática. Seria como um espião para saber os passos de Kendrick, e eu os de Alessa. Seria fácil, e uma experiência interessante.

Rei Do DesastreDonde viven las historias. Descúbrelo ahora