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24|INTENÇÕES
DeLuca Pov

Apoio os cotovelos nas coxas, reprimindo os lábios enquanto sentia os pares de olhos verdes mais intimidadores que conheci na vida.

Eu pensava que as orbes cinzas características da família Evans fossem horripilantes, mas estes? Estes que me encaram como se eu tivesse cuspido na igreja? Ha! Os olhinhos Evans são como os de querumbis comparados aos assassinos esverdeados que analisam cada centímetro de mim. Não é muito do olhar que a filha dele me encara, a única diferença é que ela quer arrancar minha roupa, os dele já estão planejando jogar meu cadáver no lago Stella.

— Então...— junto minhas mãos, tentando quebrar o silêncio constrangedoramente assustador daquela sala. Quero morder a bochecha macia de Vanessa por ter subido segundos antes até sua sala de pintura, me deixando a mercer do seu pai ciumento e superprotetor — O senhor...— aponto para a televisão, exibindo meu melhor sorriso — já assistiu Crepúsculo?

O homem mais velho e alto que até então me encarava silenciosamente sentado na poltrona de frente para o sofá em que eu estava franziu a testa. Por um instante, pensei ter falado alguma língua alienígena para ele me olhar daquele jeito, mas quase simpatizei por perceber que ele sabe sobre Crepúsculo tanto quanto eu.

— Vampiros? Lobos com tatuagens? — tentei, mas sua carranca confusa não mudou — Cara, eu sabia que não era o único que nunca assistiu essas coisas! — pensei alto, ficando um pouco mais satisfeito com esse fato.

— Escute, rapaz — sua voz grave me fez ajeitar, mais uma vez, no sofá. É agora, a tal conversa sobre intenções com sua filha — Como...— aponta para as escadas e depois para mim como se fosse a coisa mais inacreditável: eu e sua filha — Isso...como vocês...eu te conheço? Eu acho que já vi você antes.

— Ahm, no baile dos Brooke? Pensei que tinha me apresentado, eu...

— Não, não — interrompeu, as sobrancelhas bem juntas, formando um vinco perdido e bem mais confuso que o meu — Eu conheço você.

Ah, que ótimo.
Ele conhece o meu pai.

É um pesadelo ser tão parecido com ele na questão física, agora o prefeito vai me comparar à ele. É tudo o que eu mais quis na vida, ironizo.

— Não foi você que ficou como melhor funcionário do mês ano passado em seis pontos comerciais da cidade? — apontou, franzindo o espaço entre as sobrancelhas parecendo tentar lembrar dos detalhes — O garoto com maior desconto nos lugares?

Assinto, meneando a cabeça, tentando amenizar a pontada de orgulho dentro de mim. O vinco na testa dele quase desaparece e Winston parece ponderar se deve ou não, manipular a minha morte e sumir com a carcaça do meu corpo. A sala fica em silêncio novamente, e eu tento não pegar o spinner no meu bolso para acalmar meus nervos e minha perna que balança com inquietude mesmo com o peso do meu cotovelos sobre os joelhos.

— Como conheceu a minha filha, rapaz? — questionou — Acho que já vi você na fazenda Evans com o caçula deles.

— É, eu vivo por lá...o caçula, Kendrick, é meu melhor amigo desde sempre — passo a mão pela nuca, tentando fazer daquilo uma conversa trivial. Até que está dando certo — Conheço a Vanessa desde pequeno, mas só nos aproximamos no começo das aulas.

— Vocês estão saindo há duas semanas?

Namorando falso há uma semana.
Namorando de verdade? Nem sei se estamos. Vou contar isso à ele? Não se eu quiser viver por mais alguns anos.

Rei Do DesastreOnde as histórias ganham vida. Descobre agora