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16|MIDDWAY HOSPITAL
Vanessa pov

— Ainda não acho que isso seja necessário.

Cruzo os braços quando o motorista do meu pai estaciona em uma vaga em frente o prédio reformado de paredes brancas. O hospital de Middway não é tão pequeno e simples para uma cidade pequena como aqui já que comporta várias pessoas.

— É tarde demais pra voltar atrás. — Amanda belisca minha bochecha de leve quando começamos a andar pelo estacionamento.

É seu dia de folga já que meu pai cancelou todos os compromissos de hoje, mas Harrisson fez questão de nos acompanhar em todos os exames. É ela quem me apoiava em todas as consultas durante minha transição quando minha mãe se negava a ir comigo e quando meu pai ficava muito ocupado. Fico feliz que, mesmo depois do divórcio, a ida da engenhosa ex-primeira-dama de Middway e o mau humor do meu pai, Amanda ainda queira estar comigo.

— Aliás, você fica incrível de calça jeans. — elogio, a deixando sem graça — Nunca imaginei que veria você sem aquele terno tubinho chato.

— Obrigada? — ironizou, beliscando minha bochecha, outra vez. Me abracei um pouco mais a ela quando chegamos a recepção. Meu falava com alguém ao telefone e fiz uma nota mental para lembrar de queimar a camisa listrada de botões que ele está usando.

Amanda conversou com a recepcionista e ela nos guiou pessoalmente até o consultório do doutor Bates para ele passar um série de exames que envolvem sangue, tomografia, e coisas que só me fazem querer fugir dali. Não é que eu tenha algum trauma, mas aqueles corredores brancos, pessoas exaustas, o ar gelado...tudo me faz sentir em um cenário de filme de terror.

Meu check-up começou bem cedo. Eu teria que vir no dia seguinte também em jejum para o exame de glicemia e eletrocardiograma. Amanda e meu pai não trocaram muitas palavras durante todo o processo. É como eles tivessem combinado de estarem juntos ali apenas por mim e é isso. Me obrigo a guardar o pensamento de dizer para os dois casarem logo de uma vez e se amarem, mas não seria sensato e eu estou entediada demais, sentada na poltrona de couro da recepção a espera do próximo exame.

— Onde fica o banheiro? — pergunto para a recepcionista quando me levanto.

— Terceira a porta a direita, seguindo esse corredor. — apontou, gentilmente. Sigo suas instruções alcançando a porta e me deparando com a última coisa que imaginei encontrar neste hospital.

Aperto a maçaneta com força, encarando a outra sala de espera no outro corredor ao longe. Uma mulher de cabelos bem curtos balançava a perna com impaciência, a bolsa em se colo ficando amassada por suas mãos. Ao seu lado, mais surpreendemente, ainda, está um DeLuca cansado, os olhos um pouco inchados de sono e os lábios vermelhos.

Engulo o seco com a cena.

Sua cabeça está aconchegada no ombro de uma terceira pessoa. Uma garota que nunca vi na vida e tem sua mão entrelaçada com a de DeLuca em seu colo. Ele descansa, parecendo confortável na curva do pescoço e do ombro da garota, e há tantas perguntas se formando em minha mente naquele instante, e não sei se quero respondê-las.

O que DeLuca está fazendo no hospital?

Por isso ele não me respondeu, desde ontem?

Quem é aquela garota?

Por que eles parecem tão íntimos?

Rei Do DesastreWhere stories live. Discover now