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10|AULA DE ARTES
Vanessa pov

Conversar com DeLuca foi interessante. Provocações e perguntas inconvenientes são um caso a parte, mas eu até que gosto. Ainda é difícil me imaginar o namorando de verdade, ou seja, não há chances de confundimos as coisas. DeLuca ainda não faz o meu tipo, e eu não faço o tipo dele. As possibilidades do nosso teatro romântico tem grandes chances de sucesso, e para o meu alívio, ninguém sairá ferido já que não há sentimento.

A ponta dos meus dedos encosta meus lábios frios naquela manhã de sexta. A sensação da sua mão segurando minha cintura, me trazendo para mais perto dele ainda formiga meu corpo. O beijo, os toques...ele faz parece tão fácil. Como ele consegue? Como ele consegue fingir tão bem?

— Bom dia, princesa!

Dou um pulo, me sentando no colchão, tentando me desfazer dos meus próprios pensamentos ao forçar um sorriso para o homem com a mão ainda na maçaneta da porta. Meu pai me encara em um mistura de surpresa e confusão.

— Já estava acordada? Tão cedo?

— Estranho, não é? — finjo estar tão confusa quanto ele enquanto uma risada nervosa me escapa — Acabei dormindo mais cedo, ontem. Vai ver foi isso. — me levanto às pressas, eu corpo ainda quente entrando em contato com os ladrilhos gelados do banheiro.

— Só queria avisar que não vou conseguir chegar cedo pro jantar, hoje, filha — avisa, tristemente. Ouço seus passos pelo meu quarto e o ranger da cama e do colchão — A agenda de hoje está um caos de tantos compromissos.

— Tudo bem, pai! — ligo o chuveiro, deixando o vapor da água quente aquecer todo o cômodo e embarcar o espelho — Não tem problema, eu posso jantar com os Jones ou...no Stellar. Provavelmente vou passar a tarde me ocupando na sala de pintura ou algo do tipo.

— Amanhã, posso comprar as telas maiores que você queria, que tal? — reviro os olhos, sorrindo para o chuveiro. Sempre tentando me recompensar como se fosse o pior pai do mundo.

— Amanhã, senhor não vai viajar pra aquela reunião em Greendale, pai?

— Posso comprar por lá e trazer pra você.

Saio do banheiro, enrolada no roupão de banho. O encaro com um sorriso conhecedor desse seu olhar culpado. Papai odeia ficar longe por muitos dias ou muito ocupado, isso o faz pensar que vou me sentir distante dele, e consequentemente, ele se autointitula o pai mais malvado de todos os pais malvados.

— Eu vou ficar bem. Não precisa comprar presentes porque vai viajar a trabalho, pai. — beijo o topo da sua cabeça, indo para o closet — Quando voltar...— Os rumores. Quando ele voltar, já terão rumores sobre meu suposto namoro — Quando voltar, nós podemos sair pra jantar. Quero contar uma coisa pra você.

— E vou ter que esperar dois dias até saber?

Digo que sim, o fazendo bufar.

— Por sorte sou um homem adulto e consigo não ser curioso o bastante para aguardar o que queira me contar até lá. — ajeitou a gravata vermelha. Pus a cabeça pra fora do closet.

— Mentiroso. — minha risada ecoou pelo cômodo.

Tive que aturar o mau humor pavoroso de Amanda e meu pai durante todo o café da manhã. Com o dia cheio, a agenda lotada, os vários compromissos dentro e fora da cidade, ainda surportar a presença um do outro com todas essas ocupações é de fazer ambos surtarem. É engraçado como nenhum dos dois aceitam que se sentem atraídos um pelo o outro.

Rei Do DesastreWhere stories live. Discover now