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30| FERIADO
Deluca

— O que fazemos agora?

— Não me pergunte o que devemos fazer pelas próximas semanas porque a única coisa que vou pensar em fazer após a noite passada é...

Nããão termine a frase — o interrompo, o empurrando contra o colchão e me erguendo para me afastar — Se disser a palavra com "s", não vamos mais sair deste quarto.

Estou de costas para ele, e tenho certeza que está sorrindo pervertidamente para mim.

— Sexo, sexo, sexo, sexo — ele repete insanamente rápido enquanto vou bufando de volta ao banheiro — Sexo, sexo, sexo, sexo!

Me tranquei ali mesmo ouvindo sua voz abafada e não me contendo de tanto sorrir. Querendo me livrar do resquício de preguiça, sono e horas ardentes da noite passada que ainda empreguinavam meu corpo.

Quando fiquei pronta, Deluca estava explorando todo o meu quarto. O peguei no flagra encarando alguns esboços de rostos que pendurei na parede ao lado da minha penteadeira. Não me atrevi a interromper seu momento quando ele não percebeu minha presença de volta ali. Ele ainda está apenas de cueca preta, passando o indicador por meus rabiscos até parar em um específico.

— Sou eu, não sou? Esse eu tenho certeza — dou um pulo no lugar que estou, me surpreendendo que ele havia me notado mas não deu sinais disso esse tempo todo.

Mordo o lábio quando seu rosto se vira na minha direção, esperando por uma resposta. Seu indicador ainda toca o rosto do rabisco à lápis na parede.

— Por que acha que é você?

Deluca sorriu.

— Porque eu só conheço uma pessoa que me desenharia com tantos detalhes nos músculos, e essa pessoa é você...namorada.

Deixo que minhas bochechas esquentem com a comprovação desse fato em minha mente como um milhão de sensações boas invadindo meu corpo. Sou a namorada de Deluca. A namorada de verdade — nada de falso, e isso é incrível.

— Sim, é você...namorado — me dei por vencida, retraindo os ombros e levando outra toalha para ele — Mas saiba que essa aquarela já estava aí muito antes do início do verão.

Sua testa está franzida quando se vira para mim.

— Do que está falando? Você tem uma queda por mim há anos, e eu só fui saber disso agora? — aquele sorriso sacana conhecido se forma em seus lábios — Nós teríamos adiantado muita pegação se quer saber — se virou, apreciando seu desenho mais um vez.

— Sabe a aquarela que pintei pra Lessa quando ela descreveu a aparência do seu garoto ideal? Eu fiz uma sua. Não porque você é o meu garoto ideal — ele fechou a cara — Você ainda não era na época — expliquei rapidamente querendo rir.

— Mas você me achava bonito desde essa época — semicerrou os olhos, me provocando — Admita.

— Bonitinho — dou de ombros, querendo fazer o mesmo com ele — Enfim, achei legal desenhar você. Sempre gostei de testar rostos novos, e você, Luquinha... — andei até o corpo alto do garoto do outro lado do quarto, apertando sua bochecha — foi um ótimo teste.

— E você acaba de comprovar que me achou bonito desde que éramos mais novos, amorzinho — repetiu o mesmo movimento que eu, apertando a maçã do meu rosto.

Rei Do DesastreOnde as histórias ganham vida. Descobre agora