Epílogo

53 10 0
                                    

10 anos depos...

DeLuca

Kendrick está pegando as toalhas e outras coisas, indo de um lado pro outro enquanto Vanessa também anda de um lado pro outro falando com a doula ao telefone que já estava chegando. Sinto a cabeça girar com os movimentos agitados e as mãos vazias. Eu deveria estar fazendo alguma coisa, não deveria?

— DeLuca, por que você não está colocando água na banheira? — Vanessa me encarou, como se me desse uma repreenssão. Ah, é isso que eu tenho que fazer. Droga — Aí, Alessa, por que não ouve uma música? — tento sorrir para a mulher de camisola de joelhos dentro da banheira apoiando as mãos na borda. A barriga grande repousava na água morda.

Ela me encara com o olhar profundo, os lábios entreabertos, contando as respirações.

— DeLuca, se me fizer errar a contagem das contrações de novo, eu juro que mato você. — fez uma careta horrenda de dor assim que terminou a frase, se curvando um pouco com as contrações. Desde que ficou grávida, ela vem sendo bastante irritante. Implicou tanto comigo nesses nove meses que espero que o bebê nasça com a minha cara.

O grito que deu de repente me deixou arrepiado.

— Se essa criança escorregar entre as suas pernas, ela vai saber respirar debaixo d'água não vai?

— Aaargh! — Alessa rosna, choramingando em seguida — DeLuca, cadê o Kendrick? Eu preciso dele, eu...eu não consigo — as lágrima se misturam com o suor, e suas pernas fraquejaram por uns segundos — Tá doendo, DeLuca...

Largo o balde de água morna e desligo o chuveiro. Me sentindo em um transe nervoso vendo o amor da vida do meu irmão se contorcer de dor a minha frente, me agacho a fazendo me encarar.

— Tá brincando com a minha cara, Jones? Você é a pessoa mais durona e chata que já conheci, é óbvio que vai conseguir, tonta. Agora, coloca força nisso aí — minhas mãos tocam seus cotovelos, lhe dando apoio além da borda da banheira.

— Eu te odeio! — grita, após mais uma onda de contração — Eu te odeio!

— Você dizia isso pro Kendrick no colegial, não vou cair nessa —  não sei bem o que estou fazendo, mas entro na banheira com ela assim que tiro os tênis e as meias — Vamos, precisamos ganhar essa aposta! Dedos cruzados, bebês de olhos cinzas!

Me sento na beirada, bem a sua frente. Tomo seu peso quando ela apoia os cotovelos em minhas coxas. É então que eu me agacho ficando da sua altura, segurando seus braços e a deixado na mesma posição ajoelhada de antes, como a doula e aqueles treinos de parto caseiro instruíram. Ela fez todos assistirem as aulas, durante as porras desses meses todos.

— Não me importo que ele tenha olhos cinzas, só quero que meu bebê nasça saudável — solta mais um rosnado e sua testa cai sobre meu ombro, exausta — Deluca, eu...eu não vou con...

— Cale essa boca, Alessa Jones e faça esse bebê vir ao mundo!

— Não me manda calar a boca!

— É melhor você parir esse bebê! E cadê aqueles dois, hein?!

— Eu vou te mataaAaAaagh! — suas mãos apertam meus braços e eu a seguro ainda mais forte.

— Mas o que está acontecendo nesse banheiro? — Vanessa aparece na porta com o telefone na mão — É melhor o bebê nascer e depois vocês se matam!

— Onde caralhos o Kendrick se meteu? — cuspo, ficando totalmente exasperado. Em nenhum circunstância naquela realidade eu teria me imaginado dando suporte a uma mulher grávida de cócoras em uma banheira.

Rei Do DesastreOnde as histórias ganham vida. Descobre agora