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26|O QUARTO
Deluca pov

Quando imaginei trazer alguém até a minha casa, nem por um milésimo de segundo se passou pela minha cabeça que seria uma garota. Muito menos uma garota que gostasse mim. Muito menos a filha do prefeito da cidade. E muito menos a garota mais incrível que já conheci.

— Você tem certeza que ele não vem, certo? Certeza absoluta? — apoio os cotovelos no balcão da cozinha, o spinner girando em minha mão.

— Certeza, absoluta. Ele acabou de avisar que acabou de sair da cidade. Só volta na quarta, talvez. — minha mãe despeja as gotas de chocolate na massa — Não se preocupe — sua mão tocou meu rosto, na tentativa de acalmar meus nervos com seu toque.

Funcionava na maior parte do tempo.

Relutar em fazer de tudo para Vanessa passar bem longe do drama pertubador que envolve minha família foi inevitável. E mais inevitável ainda em dizer à minha mãe que uma garota especial para mim queria conhecê-la. Combinamos que eu traria alguém aqui. Alguém que não é o Kendrick, alguém que talvez ela conhecesse, e alguém que não poderia, de forma alguma, conhecer Chucky Hale.

Ela, definitivamente, concordou e não se conteve de animação ao saber que eu tinha conhecido uma garota após tanto tempo me mantendo afastado desse tipo de situação por pura insegurança. E eu continuaria me mantendo afastado se não estivesse totalmente derretido por Vanessa Winston. E não consegui ignorar o quão desapontada ela estava se sentindo por não saber mais sobre mim enquanto eu sei tudo sobre ela.

— Não vai me dizer o nome dela?

Volto ao presente, me atentando a mulher que acaba de colocar os biscoitos caseiros no forno.

— Você vai saber o nome dela quando ela chegar, mãe — me desencosto do balcão, devolvendo o spinner ao meu bolso. Ele já não está sendo útil com meu estado de nervosismo no momento.

Respiro fundo.
E outra vez.

— Todo esse mistério pra apresentar a sua namorada?

— Por favor, não diga essa palavra com "n"— fecho fortemente meus olhos — Ainda não conversamos sobre isso.

Seus olhos desviaram até os meus, uma pequena ruga em sua testa indicando que estava prestes a me dar um sermão.

— É um daqueles relacionamentos abertos? Você sabe que sou antiquada em relação a esses assuntos. Não entendo os namoros de hoje, mas espero que meu filho não esteja brincando com os sentimentos de alguém, Deluca.

— Só deixando bem claro, o mais propenso a perder a cabeça e o coração nesta história sou eu. E foi uma sorte até agora ela ter escolhido eu ao invés de algum garoto menos complicado.

O fodido sortudo.
Espero nunca conhecê-lo.

Deixo que seus dedos afundem em meu cabelo, penteando alguns fios para longe dos meus olhos. Minha mãe estampa o rosto com um pequeno sorriso de canto. Ela nunca foi de dizer muito, mas seus pequenos gestos – um toque no ombro, um abraço, uma risada – já dizia tanta coisa que o resto é inefável. Na verdade, esta palavra – inefável – é o que define Susan Hale. Nada nela pode ser descrito com palavras, mas se você sentir...ah, se sentir...descobrirá muitas coisas.

Me sobressalto com o som da campainha.

— Seja uma mãe legal.

Rei Do DesastreOnde histórias criam vida. Descubra agora