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9|PERGUNTA IDIOTA
DeLuca pov

— Você só pode estar louco. Muito louco. — Vanessa espia, mais uma vez, atrás da árvore do estacionamento da escola, observando os alunos chegarem — Lembra que disse que iria enlouquecer se não te perdoasse? Então? Você enlouqueceu!

— Relaxa, Vanessa. — digo pela terceira vez desde que chegamos — É o plano perfeito.

— Não temos nada a ver um com o outro, DeLuca. — ela rebate, nervosamente — Vai estar na cara que somos uma farsa.

— Bom, você nunca namorou para todos saberem qual o seu tipo. — revidei, sendo certeiro — E eu também nunca namorei para saberem qual é o meu. — na tentativa de fazê-la se acalmar, me aproximo, tocando seu ombro — Vamos fingir que você tem quedas por caras antissociais, com covinhas e uma péssima noção de seriedade — pisquei, mascando o chiclete na boca.

— Nossa, que atraente. — ironizou, me fazendo sorrir abertamente. Só um pouquinho, pensei.

— Eu adoro garotas que saibam usar bem a ironia a seu favor. — brinco, prosseguindo — Você pediu um tempo pra pensar o resto do dia, ontem. Precisa de mais tempo?

Vanessa me encarou, respirando pela boca pesadamente, e vi que suas bochechas ruborizaram. Seu cabelo está liso, hoje, e preso em uma única trança embutida, alguns fios solitários caiam sobre seu rosto sem maquiagem.

— Vamos com calma, tá legal? Precisamos planejar direito como isso vai rolar. Gosto de fazer as coisas assim. Improviso não é o meu forte. Devemos saber como faremos isso, quando faremos e nossos limites.

— Nossos limites? — franzo a testa — Não é um teste de sobrevivência, Vanessa.

— Estou me referindo às coisas de namorados, seu lerdo! — ela se inquietou, impaciente. Prendi a risada dentro da boca temendo dela querer me dar uns cascudos caso risse — Quero dizer, nós vamos andar de mãos dadas? Vamos nos abraçar? Vamos... — seu nariz torceu — nos beijar se for preciso?

— Acho que sim. Namorados fazem isso, não fazem? — dou de ombros — São beijos e mãos dadas. O que tem demais nisso? Ah, se bem que eu não me dou muito bem com abraços.

— E eu não me dou muito bem com beijos falsos e mãos dadas falsas. — encostou as costas no tronco da árvore — Não gosto de pensar que meu primeiro namorado é falso, entende? Não é nada pessoal. — deu de ombros, parecendo meio pra baixo — Eu só...sei lá.

— Bom, podemos pensar em alguma outra coisa. Não faremos se não se sentir bem com isso, tá bom? — sem pensar muito, retiro algumas mechas do seu rosto, as pondo para trás da sua orelha. Dessa vez, não contive a risada quando sua bochecha ruborizou, novamente — Você fica uma gracinha quando está envergonhada, Winston.

Ela afastou minha mão com grosseria fazendo minha risada se prolongar.

— Seu chato. — resmungou, pegando a mochila no gramado perto da árvore, ao lado da minha — Vamos logo ou nos atrasaremos. E vamos resolver essa questão até amanhã. Preciso pensar realmente se vale a pena beijar a mesma boca que os porcos da fazenda beijam.

— É um gesto de carinho — me defendo, pegando minha mochila e a alcançando — E eu não beijo eles, são eles que me beijam —, meu ombro empurra o seu de leve, conseguindo um sorriso dela.

Rei Do DesastreWhere stories live. Discover now