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15|SEGREDOS
Vanessa Pov

Isi mas eu non consigui me conter de saudidi. — Alessa entra no vestiário, tentando imitar a voz de Hillary — Kiki ali, Kiki aqui.

Abro minha mochila quando a retiro do armário rindo da garota inquieta ao meu lado. Ela mal havia retirado as roupas esportivas da educação física e continuava a tagarelar sobre o beijo incrivelmente possessivo que Hillary Clapton deu em Kendrick Evans no meio de todo o gramado. Nunca vi minha melhor amiga tão enciumada por alguém, nem mesmo por Cory Dowley e só posso me orgulhar silenciosamente de ser a melhor cupido dessa cidade.

— Você tá sendo muito malvada, e contraditória. — consigo dizer em meio sua ladainha — Não era você que disse o Kendrick tinha que te superar? Ele superou, bem rápido por sinal.

Sinto seu olhar queimar minhas costas, mas não me dou o trabalho de retribuí-lo, porque sabia que ela está se sentindo confusa e cheia de raiva, e esse é o primeiro passo para admitir que ela tem, sim, uma quedinha pelo vizinho insuportável.

— Ela é tão...— fechou a mão em punho, encontrando uma palavra certa pra definir Hillary.

— Legal?

— Inconveniente!

— Se inconveniente, você quer dizer um pouquinho sem limites e precipitada, então ela é, mas continua sendo uma pessoa muito legal. — dou de ombros, me fazendo de desentendida quando ela me olha feio — Quê? Ela é filha do parceiro do meu pai. Tenho que manter a simpatia e formalidade, e estou sendo sincera.

— Vem cá, o que deu em você? — cruzou os braços, e posso jurar que a carranca que se apossou do seu rosto redondo vai durar por um dia inteiro.

— Nada, ué. — dou de ombros, retirando a tiara de pérolas que seguravam meus cachos da cabeça — Você que está um poço de fúria — tentei brincar, mas nada funcionou.

— Tá acontecendo, sim. Você não conseguiu ir na livraria, no sábado. Não me ligou no domingo, e só veio dar notícia, hoje, quando apareceu na aula.

Suspiro diante da porta do meu armário, ouvindo as outras alunas chegarem para se trocar após a aula. Todos os acontecimentos do último final de semana repassam em minha mente como um curta-metragem de um clichê adolescente com a pergunta de Alessa. Posso sentir seus olhos castanhos em mim e me sinto encurralada.

— Ando muito ocupada com o meu pai, e...tem uma coisa acontecendo, sim, mas...— muitas coisas acontecendo, na verdade, penso ao me virar na sua direção e lhe encarar nos olhos — ainda não estou pronta pra te contar.

Alessa descruza os braços.

— Por que, não?

— Porque ainda não estou preparada, Alessa. É complicado, mas assim que as coisas estiverem nos eixos, eu te conto tudo, em detalhes. Prometo. — afirmo, com certeza — Só não se zangue comigo, por favor. — quase suplicou.

Não contar o que está acontecendo para minha melhor amiga é como uma tortura, mas eu a conheço. Alessa Jones é a garota mais temperamental e impulsiva que conheço, ela vai fazer um escândalo e seu senso de justiça afiado vai ativar e não terá ninguém que vai fazê-lá se aquietar. Por isso, quero eu mesma resolver as coisas e entender o que está se passando dentro de mim, porque eu realmente, até agora, não entendo como as coisas chegaram aonde estão desde meu último sábado.

Alessa suspira, mais calma e eu, instantaneamente, respiro aliviada. Ela é impulsiva, temperamental, mas consegue ser compreensiva quando quer e eu a conheço o suficiente para perceber que ela está se esforçando para compreender neste instante.

Rei Do DesastreWhere stories live. Discover now