21.

557 109 66
                                    

21|Parker, beijos e Van.Gogh
Vanessa pov

Os cinco dedos em minha mão ainda estão em volta da maçaneta arredondada das portas duplas daquela sala escura. Consigo ver o corpo de DeLuca — pequeno em comparação as altas paredes daquele lugar — sentado no chão limpo, os braços apoiando o peso do corpo e as pernas uma em cima da outra. Ergo meu olhar para as telas altas que cobriam as paredes normais, telas tão altas quanto o teto escuro, que neste momento, tem imagens sendo projetadas nelas, imagens vindo de projetores acoplados ao mesmo teto escuro, posso ver as lentes lá de cima.

As imagens mudam, e o que antes era a obra "Noite Estrela sobre o Ródano", agora o quadro "Amendoeira em flor" preenchia e iluminada toda a extensão do breu da sala em tons de turquesa e amarelo. Encaro meu corpo e sorrio com as luzes coloridas sobre minha pele.

— Aquele filho da mãe! — rosno, fazendo meu sorriso desaparecer. Meu descontentamento alcança DeLuca, o fazendo me encarar por cima do ombro — Aquele...pedaço de carne podre!

— Você é uma péssima xingadora.

— Cala a boca! — o corto, andando em passos firmes e pesados até ele e olhando ao redor — Isso...isso era pra ser meu. Era meu sonho, a minha ideia! E aquele idiota do Penny a roubou.

Uma mão envolve a minha e sou puxada para baixo. Derrotada, suspiro, me ajoelhando e sentando por cima das minhas pernas.

— Me explica isso direito, ainda estou pensando se é motivo suficiente para arrebentar a cara dele. — Deluca, diz, e nem me importo se sua mão não deixou a minha, ele poderia me beijar de novo, estou tão frustrada que nem vou notar.

No momento, só penso que aquela sala deveria ser minha, que as projeções deveram ser minhas, mas Penny roubou meu pequeno pedaço de paraíso.

— Há dois anos, eu pedi ao meu pai que separasse uma sala de casa para fazer paredes que projetassem imagens de projetores acoplados ao teto, como aqueles ali — aponto para cima, e Deluca olha para aquela direção, um olhar cheio de compreensão — Os Brooke são conhecidos por fazerem esse tipo de exposições em museus e eventos e tudo mais, então meu pai pediu ao Henry, porque apesar de serem grandes rivais, eles ainda trabalham bem um com o outro. Acho que Henry levou o projeto para o papel, ele tem bons arquitetos, mas Penny deve ter descoberto sobre minha ideia, e aposto que pediu ao pai para fazer um igual.

— O que Henry disse ao seu pai?

— Que aquela ideia era, tecnicamente, impossível. Que seria um grande dinheiro gasto para algo que não daria certo, sendo que eu conheço um museu que faz estas mesmas projeções, e não houve nada de errado. Ele mentiu para o meu pai, apenas pra que se vanglorizasse com uma ideia roubada! Aquele...

— Filho da puta! — Deluca xingou, com uma carranca evidente na cada. Me senti acolhida, de certa forma.

— Não xingue a mãe dos outros, Luca. É  tão...errado.

— Que se dane! Aceito meu fim no fogo do inferno, mas esses Brookes são uns filhos da puta do caralho! — faço careta com a série de xingamentos que vem a seguir e começo a rir. Mesmo com minhas risadas, ele não para. São xingamentos sem fim. Nunca vi alguém dizer tantos deles em tão pouco tempo, mas Deluca parece ser um expert nisso.

Sentindo minha frustração indo embora, me jogo em seus braços, rodeando estes ao redor do seu pescoço. Meu queixo se acomodo em seu ombros, minha bochecha colando a sua e não o sinto retribuir. É claro. Ele não se sente a vontade com abraços, com pessoas invadindo seu espaço pessoal, mas não posso evitar, mal nos conhecemos, mas ele faz tanto para me ajudar, para fazer eu me sentir bem que não consigo não abraçá-lo.

Rei Do DesastreWhere stories live. Discover now