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32| CELEIRO
Vanessa - Três dias depois

Como o terceiro pedaço do enorme e gorduroso hambúrguer com mais força e vontade do que o primeiro. Sinto o gosto do óleo no bacon e o agridoce da mostarda entre os ingredientes, saboreando cada segundo da minha comida favorita entre tantas outras — uma pena ela não estar incluída da dieta vegetariana do meu pai, mas talvez alguém de bom coração tenha criado um hambúrguer tão bom quanto esse, cheio de folhas e grãos.

Estou limpando a boca com o guardanapo quando Alessa Jones com seu vestido verde escuro simples e mangas pouco bufantes caindo sobre seus ombros bonitos sobe os degraus da arquibancada, vindo na minha direção. Ela amarra os cachos crespos com o lenço de seda do pulso, formando uma bola encaracolada bonita e bagunçada no topo da cabeça.

— Não vi você o dia todo. Por onde estava? — questionou, roubando um pouco das minhas batatinhas antes que eu lhe desse um tapinha na sua mão furtiva.

— Me escondendo do DeLuca — respondo de boca cheia, sem parar de mastigar um momento sequer.

A essa altura, minha educação e etiqueta estão guardados em uma parte escura e pequena nas profundezas do meu cérebro brilhante. Eu viro uma ogra quando vejo um hambúrguer. Mas minha melhor amiga não parece se importar com meu momento Shrek.

— Você está se entupindo de comida gordurosa nas arquibancadas da escola, Nessa. Onde isso é se esconder do seu namorado? — sorriu, desacreditada — Vamos entrar, está fazendo frio, hoje.

— Sabia que faz menos de dois meses pro inverno? Loucura, não é? O ano está acabando e parece que foi ontem que as aulas de fim de verão acabaram.

— Fecha a boca, brutamontes — me beliscou, mas apenas sorri, abrindo a boca cheia de hambúrguer mastigado para ela. Ela fez careta ao perguntar — Por que está se escondendo do Deluca?

— Ele virou uma máquina atraente de perversão e provocação. Está me fazendo pirar, e eu meio que preciso me alimentar pra aguentar toda essa energia.

Meu rosto se tornou rubra quando a risada surpresa e alta de Alessa ecoou pelas arquibancadas, perto da pista de educação física da escola. O tempo está nublado, há um pouco de neblina no céu, e se não fosse pela risada escandalosa da minha amiga, estaríamos em um perfeito cenário de Crepúsculo.

— Não acredito que está aqui, "escondida" — fez aspas com as mãos — se empaturrando de hambúrguer e batata frita pra aguentar os rounds de pegação entre você e seu namorado.

— Eu estou, tá legal? — acompanhei sua risada, pouco envergonhada — Não que eu não esteja gostando disso tudo, mas eu preciso descansar!

Nossas risadas aumentaram, até alguns atletas do time passarem por nós. Estamos na parte mais alta, então os observamos de cima. Entre eles, está Lennon, que já havia me notado ali há mais tempo que os outros enquanto passavam. Engoli o seco, percebendo que já havia comido o terceiro pedaço, então me preparei para o próximo, ignorando os olhos claros queimando meu rosto ao longe.

Parece que faz anos que não conversamos, mas eu lembro da festa de Hillary, no dia da caça aos horrores há uma semana atrás. Lembro quando conversamos sobre DeLuca, sobre nós dois e em como ainda não havia superado muito bem tudo aquilo. Me sinto mal por ele, mas não me arrependo de ter encerrado meu lance com ele no momento em que me senti confusa quanto ao Deluca. E não me arrependo de ter o escolhido.

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