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Lua🌙

Fui dormir tranquila e acordei totalmente enjoada, não tinha conseguido tomar café e até então estava sem comer por um longo tempo.

Eu tinha quase certeza que aquilo tinha um certo envolvimento com o que o Diogo estava pretendendo fazer na noite.

Eu tava tentando ficar tranquila, mas de certa forma não tinha como ficar.

Fechei os olhos tentando relaxar enquanto sentia meu estômago vazio mas sem vontade nenhuma de comer e se não fosse o Davi querendo subir em cima de mim eu não teria escutado a voz do Diogo dentro de casa.

Coringa: Cê comeu? -neguei devagar.-Pô, tem que comer. Pode ser assim não, tu tá no início da gravidez e essas parada é importante.

Lua: Não consigo.-ele se aproximou passando a mão no rosto e respirou fundo.-Quando eu quiser eu coloco a comida no prato e tento comer.

Coringa: Fica complicando não.

Lua: Não tô complicando, eu só não tô com vontade.-ele pegou o Davi de cima de mim.

Coringa: Cê tá parecendo uma criança quando quer fazer birra.-respirei fundo.-Quando eu queria alguma coisa e não ganhava ficava assim igual a você.

Neguei com a cabeça tirando forças para levantar e depois da primeira tentativa eu consegui ficar de pé com a sensação de barriga vazia.

Fui indo para a cozinha sentindo que ele tava vindo atrás de mim e abri o armário pegando o primeiro biscoito que vi na minha frente, e ele decidiu debater comigo falando que eu não iria comer aquilo no lugar da comida.

Ficou enchendo a minha cabeça, falando coisas e só me deixou em paz quando eu peguei o prato e sentei na mesa pra comer.

Coringa: Pode comer tudo.-dei uma colherada olhando para ele.-Só vou te deixar sozinha quando cê terminar de comer.

Fui comendo devagar, aos poucos sentindo que tava ficando com fome e quando terminei senti a necessidade de comer um pouco mais e acabei repetindo o prato por mais uma vez.

Coringa: Tá vendo pô, qual era a dificuldade de enfiar a comida na boca e engolir? -puxou a cadeira sentando na mesa e eu me toquei que o Davi tinha dormido.

Lua: A dificuldade era que eu tava sem fome, apenas isso.-me encostei na pia.

Ele ficou me olhando sem falar nada e fui escovar os dentes para tirar o gosto da comida e logo em seguida fui para a sala assistir alguma coisa. Ele permaneceu na cozinha depois se aproximou sentando do meu lado passando o braço pelo meu ombro.

Não falei nada da mesma forma que ele continuou calado e encostei a cabeça sentindo o cheiro do perfume dele e me senti enjoada no mesmo momento.

Lua: Você me ama? -ele concordou sem olhar para mim.-Então troca esse perfume enjoado.

Coringa: Quando eu não estiver mais do teu lado cê vai sentir falta do meu perfume enjoado.-olhou para mim e eu não respondi.-Brincadeira pô, vou trocar.

Lua: Seu mal é esse, brincar demais.-ele deu um beijo na minha testa.

Coringa: Eu te amo.

Encarei ele por um tempo antes de encostar a cabeça novamente e senti ele mexer no meu cabelo e eu automaticamente começar a tentar manter os olhos abertos.

•••

Coringa🎭

Pô, sobre a invasão eu tava tranquilo. O que tava me deixando meio pá no bagulho era a possibilidade meio alta de acabar dando errado e eu acabar me fodendo e levando o pessoal junto.

Eu poderia simplesmente dar a ordem e ficar na favela, mas quando se tratava de coisas pessoais eu preferia ir junto pra fazer o trabalho.

O papo era meu e eu que tinha que colocar o ponto final!

Depois de organizar as últimas paradas, fui falar com a Mariana que tava na casa da mãe e fiquei surpreso pela Ingrid ter ficado numa boa sem soltar nenhuma piadinha sobre o que tinha acontecido da útlima vez que nós se viu.

Mas de qualquer forma tava tranquilo daquele jeito, a última coisa que eu queria era que a Mariana ficasse sabendo que eu encostei a mão na mãe dela.

Entrei dentro de casa escutando a Lua falar com alguém e quando fui para o quarto percebi que era com a mulher do neguinho no celular. Me encostei ali na porta esperando ela terminar e olhei para o meu filho que olhava atento enquanto tentava segurar no cabelo dela.

Lua: Tchau, Tai.-largou o celular olhando para mim.-Adivinha? -falou animada e eu dei de ombros sem saber o que pensar.-A Tainá disse que tá desconfiando de gravidez.

Coringa: Bom pro Neguinho que queria tanto, só assim ele larga de intimidade contigo.

Lua: Tá de mal humor? -neguei.-Então, ele é seu parceiro e um tempinho atrás ficou sabendo da perda de um bebê, coisa que é super delicada.

Coringa: Tô ligado.-ela levantou.

Lua: Não tá não, só sabe da dor quem passa.

Coringa: E como cê sabe que é delicado? -ela me olhou sem entender e eu ri.

Lua: Você entendeu.-sorriu se aproximando.-Quando cê vai?

Coringa: Só vim me despedir de vocês.-estendi o braço e ela passou o Davi pra mim.

Lua: Isso não é uma despedida, pelo menos eu espero que não.

Coringa: Amo vocês, pô.-ela ficou quieta.-Se acontecer alguma parada comigo fique sabendo que cê não vai ficar sem nada.

Lua: Eu não quero dinheiro, casa e nem qualquer outra coisa! Eu só quero você, que você volte pra casa.

Dei um beijo no meu filho não respondendo o que ela tinha falado e me desencostei indo na direção dela que permaneceu no mesmo lugar querendo se fazer de durona mas depois respirou fundo abrindo os braços.

Abracei forte tendo quase certeza que não seria a última vez e me inclinei mais um pouco sentindo o cheiro dela antes de dar um beijo e me afastar.

Se eu tava torcendo pra voltar por mim mesmo, pensando na minha família eu tava torcendo duas vezes mais.

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Meu DestinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora