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Coringa🎭

Um mês depois..

Um mês dentro daquele inferno e eu não aguentava mais a pressão e a cara de satisfação dos cuzão em saber que finalmente tinham conseguido me pegar novamente.

A parada tinha sido sinistra, nem parecia que era coisa do momento ali. Tava mais pra coisa armada, e uma armação foda do caralho!

Depois do tiro na cabeça do Rd, tinha chegado a vez do Wallace. Na primeira tentativa a arma falhou, quando fui tentar novamente escutei barulho de tiro, o meu bonde atirando de volta e por um vacilo meu o filho da puta levantou e saiu correndo.

Quando tentei ir atrás escutei um tiro bem pertinho e já levantei suspendendo as mãos. Virei o rosto olhando na cara dos filho da puta que tava ali e no momento só tinha certeza de duas coisas, ou sairia preso, ou simplesmente morto!

- A comida tá no prato, vagabundo! -bateu na porta e eu levantei daquela porra que nomeavam como cama.-Vê se come dessa vez, tá ciente que é a primeira e última.-olhei pela vaguinha que tinha ali.

Coringa: Tô esperando meu direito de escrever a porra da carta.-ele sorriu com maior cara de boiola.-Tô falando sério neguin, sou bandido e tenho direitos.

- Se liga bandidão, se fosse esperto suficiente não tava na minha mão.

Ele saiu me deixando sem deireito de resposta e eu olhei para o bagulho feio que eles ofereciam como comida.

A cela que eu tava era exclusividade minha, mas nem por esse papo eu considerava um luxo. Bagulho era menor que uma casa de cachorro, uma janelinha pequena que não entrava vento e sem contato nenhum com qualquer outra pessoa.

Do meu lado tava pessoas que tava na mesma situação que a minha, bandido barra pesada ficava sozinho. Sem direito a banho de sol, e quando acontecia era raridade.

Tinha falado com o advogado uma vez em pouquinhos minutos e a única coisa além da liberdade que eu queria muito, era falar com a Lua. Não sabia a situação dela mas tava ciente que deve ter ficado mal pra caralho.

Semana passada tinha sido o mesversário do meu filho, metade do meu tempo eu passava pensando nele e na Mariana. A outra na coroa e no Lucas que também tinha completado 16.

A única coisa que eu tinha certeza era que a visita seria uma parada foda de conseguir, eu sabia que eu não tinha aquele direito mas tava confiando nos advogados.

Respirei fundo olhando a comida no prato e senti que tava de barriga vazia, era muita humilhação comer aquele bagulho, mas se eu não comesse iria acabar morrendo ali dentro mermo.

Sendo assim, mesmo sem querer fiz um esforço segurando a respiração e fui colocando a colher na boca e mastigando mais de quatro vezes antes de engolir.

Ainda não tinha o direito de escrever cartas, mas as palavras que eu tava pretentendendo escrever para a minha Lua não saía da minha cabeça.

Por ela eu preferi não correr o risco de tentar fugir e atirar. Preferi me entregar do que arriscar e perder o crescimento dos meus filhos e toda tranquilidade que a minha família trazia pra minha vida.

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Meu DestinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora