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Coringa🎭

Era madrugada, dia da fuga.

Mais cedo fui liberado para o banho de sol e mesmo com a felicidade de estar perto de meter o pé dali, tive que manter a postura e fingir que tava tudo ruim.

Todo lugar tem corrupção, basta molhar a mão!

O bagulho era o seguinte, um pm deixaria a parada meio livre depois da mão molhada e na madrugada sinistra nós sairia e pularia o muro depois da cerca elétrica ser desligada.

O muro era meio alto, mas ser bandido tem as suas vantagens.

Na hora de conferir a minha cela, percebi que o cadeado ficou meio aberto e com as luzes apagadas eu fui saindo devagar olhando para as celas ao lado e percebendo o bonde fazer a mesma coisa.

O valor tinha sido dividido entre todos, do mesmo jeito na corrupção.

Uma van estaria esperando o bonde do lado de fora, e sem pensar duas vezes começou as tentativa de subir. Quem não tava conseguindo na primeira, tentou mais uma vez e aos poucos, mesmo na dificuldade foi passando.

Como não sou burro, pra ter certeza. Deixei uma quantidade sair primeiro pra conferir a cerca e em seguida passei sentindo que tinha ralado a perna ali.

Fui me jogar para o outro lado e antes de chegar no chão percebi que daria merda. Acabei caindo por cima do braço e em segundos senti a porra doer como se eu tivesse quebrado.

Junior: Qual foi, Coringa? -segurou no meu outro braço me levantando.-Tá de boa?

Coringa: Eu sempre tomo no cu, namoral.-ele ficou me olhando e eu concordei com a cabeça olhando o último passar pelo muro.-Todo mundo pulou e só eu me fodi.

Junior: Só tem que aguentar correr.

Mesmo com a dor que eu tava sentindo no braço e a perna ralada na hora de pular, eu concordei e fui correndo sem olhar para trás.

O bagulho no fundo era só mata! E depois de quase dez minutos correndo eu avistei a van e em seguida do Junior, eu entrei me acomodando no primeiro banco olhando os outros entrarem.

Eu não conhecia ninguém dali, mas a única coisa que eu queria era chegar em paz.

No caminho nós foi conversando, se apresentando e eu percebi que o único chefe da parada ali era eu. O resto era só menor simpatia começando a vida no crime e se dando mal de primeira.

O papo fez todo mundo descontrair, o Junior tava no comando e quando o sol apareceu avisou que nos levaria pra uma casa até cada um pensar no rumo que tomaria.

Sendo assim, a primeira coisa que fiz quando pisei o pé na casa foi pedir um celular e ligar diretamente para o Neguinho que atendeu perguntando quem era.

Ligação on.📲

Eu: Teu patrão porra! tô livre daquele inferno.

Neguinho: Tá de sacanagem? Papo sério mermo? -perguntou com animação.-Tá aonde? Vou te buscar agora!

Eu: Tô seguro numa casa, não posso voltar pra favela agora.-escutei ele respirar fundo.-Fico em outro lugar, tipo a casa em Angra.

Neguinho: Então é pra ir te buscar? -concordei.-Pode avisar a tua família?

Eu: Melhor não, quero fazer surpresa.

Neguinho: Lua tá perto de ter a criança.

Eu: Tô ligado.

Neguinho: Mas tá de boa, o importante é que cê conseguiu meter o pé.

Eu: Só mais um papo.

Neguinho: Manda.

Eu: Assim que ela tiver a criança, cê inventa um papo e leva ela pra casa em Angra. Vou tá esperando lá depois que eu já estiver.

Neguinho: Cê que manda!

•••

Desliguei a ligação passando o celular para o outro menor e fiquei de pegar novamente para falar aonde eu tava e o horário dele ir me buscar.

Eu tava feliz, só que ao mesmo tempo era um bagulho louco.

Eu tava ali, mas sem acreditar que eu tinha conseguido.

No fundo eu sabia que só acreditaria quando olhasse a Lua na minha frente, mas naquele momento tava fora de questão.

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Galeraa, como vocês sabem tô quase finalizando aqui. Porém tô sem ideia nenhuma para a próxima história e queria a ajuda de vocês.

Se quiserem falar alguma ideia, eu super apoio em pensar para colocar em prática.

Meu DestinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora