Capítulo 01: O Vizinho

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Era início de agosto, no dia seguinte as férias de meio de ano se findavam e eu estava voltando de um passeio com a bicicleta que Bibe fizera o maior esforço para me presentear mesmo sabendo que não precisava, era uma simples, azul e com uma linda cesta de vime.


Quando virei a esquina de minha casa não acreditei no que meus olhos me mostravam, haviam caminhões e carros de uma empresa de mudança e várias pessoas fazendo um belo serviço de levar as coisas pra dentro da casa dele. Não pude evitar (afinal quem pode evitar uma coisa dessas?) meu coração de acelerar, parei a bicicleta em frente aos gigantes portões de minha casa e entrei sem tirar os olhos de todo aquele pessoal trabalhando na casa ao lado.Dentro de casa notei os carros de meus pais, rapidamente deixei minha bicicleta com o porteiro e subi as escadas para dentro de casa correndo.


- Boa tarde. - cumprimentei, eram as boas educações que Bibe havia me ensinado.


- Boa tarde, Amber. - meu pai respondeu sem tirar os olhos do celular de onde anotava algo em um papel.


- Chegou tarde, onde foi? - minha mãe perguntou vindo da cozinha com nossa cozinheira trazendo bebida em duas taças.


Como se ela se importasse de verdade, eu fugia sempre que queria e ela nunca parecia notar.


- Só dando uma volta. - respondi indo pegar um copo.


- Senhorita, peça-me o que quer. - uma de nossas empregadas disse.


- Uma água, por favor. - disse desistindo de pegar o copo.


A ansiedade consumia minhas entranhas e fervia meu cérebro e coração, eu queria saber, eu precisava.


- Então... - disse voltando aonde meus pais estavam. Ambos olharam surpresos para mim. - O que é tudo isso na casa ao lado?


Meu olhar ansioso pela resposta, as mãos nervosas, não podia ser ele, podia? Já haviam se passado quatro anos...


- Ah, tá. - meu pai disse com desdém voltando a olhar o celular.


- Aqui sua água, senhorita. - Jussara disse me entregando o copo que bebi rapidamente até engasgar com a resposta de minha mãe.


- São os Alencar, estão voltando depois de tantos anos fora.


Engasguei feio, ao ponto de Jussara me levar um pano de limpar a boca para secar a água que saia inclusive de meu nariz.


- Mais cuidado, dona Amber! Cadê seus modos? Desse jeito não encontraremos nunca um pretendente que você esteja à altura. - minha mãe disse em seu tom agressivo de sempre.Pedi uma desculpa ainda engasgada e fugi pelos fundos de casa até a casa da única que entenderia tudo aquilo que eu estava sentido.


Enquanto eu pedalava sentia meu estômago e cabeça girarem, desviei em cima de carros estacionados quase trombando neles, era um nervoso com assombro que só quando cheguei abrindo a porta e entrando sem bater na casa de Bibe pude por pra fora:

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