Capítulo 26: Corrida do amor

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Tinham duas semanas desde a morte de Bibe e eu não havia conseguido voltar ao meu ritmo de sempre, e os dias de terça e quinta-feira eram os piores para mim, e conversando com Brisa ela me aconselhou a fazer alguma atividade física que era o que ela fazia para aliviar o estresse, então eu decidi correr todos os dias a tardezinha pela orla da praia da cidade.Aquele seria meu primeiro dia.


G. O. me ligou.

- E aí, senhorita Lissa, está pronta?


- Mais do que pronta. Estou saindo de casa. - disse saindo pelo portão de casa e colocando meu fone de ouvido.


- Tudo bem. Nos vemos na orla.


- O quê!? Você vai!?


- Bem, se é bom pra sua saúde vai me fazer bem também.


Eu ri.


- Tá bom, o último a chegar paga a água do final da corrida.


- Ah, isso não é justo!


- Você tem uns zilhões de dinheiro na conta, seu mão de vaca!


- E você não!?


- Na verdade não! Meu pai tem, mas não uso o dinheiro deles! - eu o respondia já correndo.


- Mentira, por quê não usaria?


- Por que quero sair de casa e depender do dinheiro deles apenas dificultaria!


- Você fica ainda mais interessante a cada dia, Lissa! - eu podia ouvi-lo correr também.


- Então escuta essa: hoje de manhã fui pegar um livro na biblioteca que também é o escritório do meu pai e advinha o que vi em cima da mesa? Ele está cheio de cartas de pretendentes, parece que já tem os preferidos dele!


- O quê? Casamento arranjado!?


- Casamento de interesses melhor dizendo. O casamento dele e de minha mãe foi assim então isso não é nada mais que um contrato pra eles.


- Então estou flertando e gostando de alguém que teoricamente já é noiva?


Eu ri outra vez.


- Sim, se eu fosse ficar e ver a merda ser espalhada pelo ventilador. Porém vi mais casas essa semana e uma em especial me interessou muito, planejo sumir assim que me formar, agora que minha Bibe não está mais aqui eu não tenho nada que me prenda a essa cidade.


- Ah, é? Nem mesmo eu?


Cheguei a orla da praia nesse momento que ficava bem perto de casa e o avistei ao longe.Desliguei a ligação e corri até ele.


- Bem, a gente não namora nem nada, então não, Gian, nem mesmo você. - eu disse e pisquei pra ele.


Ele sorriu e me olhou de cima a baixo de modo que fiquei envergonhada, eu vestia um macacão de ginástica, era justo eu sabia, mas eu havia comprado o primeiro que vi, ainda tinha que separar um tempo para comprar roupas para correr.


- Vamos? - o chamei.


- Claro, vamos. - ele disse voltando a si e começando a correr do meu lado.


- Isso é para me por pra cima então vou ser bem alto astral, ok? Tipo, quem chegar por último naquele poste é a mulher do padre! - eu disse e tomando vantagem passei a correr mais rápido.


- AAAAAMBER! ISSO É PRA RELAXAR! - ele gritou correndo atrás de mim e eu ri.


Em um certo ponto da orla Gian saiu correndo praia a dentro sem me avisar nada e o perdi de vista. Fiquei procurando em meio a multidão e quando vi seus cabelos pretos atrás de uma barraquinha de sorvete saí correndo a seu encontro.


- Giancarlo! Você vai chupar um sorvete enquanto corre!? - perguntei irritada.


- Calma, minha querida Lissa. Pagarei o seu também, é só escolher.


- O quê? - perguntei sorrindo e já indo pegar o meu.


O primeiro dia de caminhada foi um sucesso, eu estava mais bem disposta apesar do cansaço, eu e Gian fomos todos os dias daquela semana e na sexta-feira decidimos tomar o sorvete e nos sentar na beira do mar para observar o sol se por.


- E sua mãe, Gian? - perguntei terminando meu sorvete.


Ele suspirou.


- Ela está sempre dormindo agora que as dores são intensas, os médicos já nos desiludiram, então só esperamos e fingimos que tudo está bem...


Meu estômago embrulhou ao ouvir aquilo eu mal podia imaginar uma situação daquelas.


Suspirei e encostei minha cabeça em seu ombro. Eu queria beijá-lo, mas não sabia como fazer, então fiquei feliz quando ele mesmo levantou meu queixo e juntou nossos lábios, num beijo afetuoso e longo, eu havia começado a gostar dele e era um romance gostosinho.


Fomos embora de mãos dadas naquele dia, ele me deixou em casa e pegou um táxi. Fui dormir me lembrando de nossa tardezinha.

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