Capítulo 04: Mais um novo aluno

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No dia seguinte fui pra aula mais cedo que o comum, entrei na sala ainda vazia e fui me sentar, não queria falar com nenhuma das meninas. Nathaniel chegou perto do professor entrar e outra vez se sentou ao meu lado cochichando um "Bom dia" junto com o professor que nos cumprimentava ao que respondi "Bom dia" olhando em seus olhos e voltando a olhar o professor.


Já se iam 15 minutos de aula quando bateram na porta. Um aluno atrasado.


- Ora, ora, que isso não se repita, senhor. Não terá mais uma chance. - o professor disse para o aluno do outro lado da porta.


Todos observavam o pequeno sermão, até a porta se abrir e cabelos pretos e lisos passarem por ela e subirem as escadas de cabeça baixa. Eu observava com especial interesse, já tinha visto aquela bolsa e aquele rapaz antes pelos corredores, mas nunca havia reparado de fato. E teria reparado só até ali se não fosse pelo olhar inexpressivo que deixou para mim ao passar pela minha carteira, um olhar de um azul claríssimo que quase me deu calafrios e para contribuir ele se sentou na carteira vazia que tinha atrás de mim e de Nathaniel.


No intervalo fui para o refeitório, e quando faltavam poucos passos para eu sentar na mesa das meninas Brisa gritou de forma que quem estava em volta se virou para olhá-la:


- CADELA!


O sorriso estampado em seu rosto me dizia que ela estava muito animada com algo que eu tinha feito, e eu sabia o que ela diria, todos já estavam comentando, chegando mais perto e mais rápido do que eu pudesse impedir ela me deu um tapa no quadril que estalou e me fez corar.


- Sem expressões tão apaixonadas no meu colégio, senhora Bitencourt! - disse a impassível diretora há poucos metros de distância de nós duas.


Sentei na mesa xingando Brisa de tudo o que me lembrei.


- Ai, não me xingue assim velhinha gagá, foi só uma brincadeira! - ela disse me empurrando e sentando ao meu lado. -AGORA DESENBUCHA! - ela disse em tom alto e em seguida voltou ao tom baixo. - Que tipo de feitiço você fez pra ele sentar com você!? Anda! Me passa a receita!


- É compreensível. - Sofia disse. - Tá na cara que a Amber é linda, a beleza dela é... incomum, é uma simples beleza incomum, daquelas que maquiagem pode até atrapalhar, eu sabia que mesmo tendo passado apenas um gloss isso era muito provável de acontecer.


- Para, Sofi, assim fico vermelha e me achando! - eu disse tapando o nariz para falar imitando uma patricinha mimada fingindo abanar minhas bochechas.


Gargalhamos em quádruplo chamando a atenção pra nossa mesa mais uma vez.


- Então, o que vocês conversaram!?


- Ele é mesmo mais bonito quando está perto?


- O corpo dele é... quente? - Brisa perguntou com brilho nos olhos.


Eu arregalei os olhos, o ciúmes voltando, elas estavam falando do garoto que eu amei por longos anos e que havia prometido que eu era a única! A mágoa tomava o lugar do ciúmes porque se eu era a única qual o problema de ele começar uma mísera conversa comigo ou de ter me mandado um mísero telegrama, bilhete que fosse naquela maldita caixa de correio que esteve vazia por tanto tempo!


- Parem de dizer bobagem! Ele é um garoto comum, que sentou ao meu lado e diz "bom dia" como diria pra qualquer pessoa com quem ele se sentasse.


Enquanto falava vi o cara de cabelos pretos e olhos azuis ir em direção à saída do refeitório que dava para o pátio.


- Ei, gente, quem é aquele ali saindo? Já viram ele por aqui antes? - perguntei realmente curiosa com o olhar estranho que ele havia me lançado mais cedo.


- Ah, aquele? É um cara meio misterioso e esquisito da sala ao lado da nossa. Tão cafona. - Dandara disse revirando os olhos.


- Ele foi pra sua sala não foi? - Cléo perguntou.


- Sim, no meio do ano, do nada, não entendi o porquê.


- Ninguém sabe muito sobre ele, ele não conversa com ninguém. Mas tem quem tente. - Brisa disse mostrando as mensagens do grupo da escola em que haviam umas tietes mandando foto dele sozinho em uns cantos da escola.


Eu ri.


- Já vou subir agora que tudo ficou claro. Por favor, tentem acabar com os rumores por mim.Me levantei e saí do refeitório.

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