Capítulo 45: Um encontro sanitário

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Era o último dia de aula, em dois dias seria nossa formatura.


Nathaniel já sabia para onde iríamos embora ainda não tivesse me contado, seus pais achavam que ele estava indo de férias para uma das grandes cidades, ele disse que até que ele completasse dezoito anos ficaríamos em uma cidade e após seus dezoito anos ele tinha outro plano.


Naquele último dia de aula eu tentaria uma última coisa escondida de Nathan, isso porque eu havia me lembrado do que acontecera no dia em que tive meu primeiro encontro com os Robin Hood's:


Eu corri como uma louca para o portão arrebentado do prédio abandonado, joguei minha bicicleta em um canto e fiquei agachada dentro das ruínas. Passaram-se alguns minutos e eu tirei meu caderno da mochila e passei a escrever.

Eu escrevia uma carta, à Nathaniel, mas ainda não tinha colocado seu nome. Eu havia acabado de descobrir coisas que não gostaria de saber sobre os negócios de meu pai e estava muito decepcionada, e era sobre isso que eu lhe contava, durante aquele ano escrevi cartas a ele que nunca enviei por não saber seu endereço.

Foi quando ouvi alguém se aproximando. Dei um grito e meus olhos se encheram de lágrimas ao ver a figura magra atrás de mim.

- Calma! Calma! - ele disse se abaixando e sentando ao meu lado.

Sua calça era preta e sua blusa verde escura, eu soube que ele era um Robin Hood. Eu não o olhava porque tinha medo.

- Eu juro que não vou contar nada, jamais direi qualquer coisa, eu nunca te vi antes. - eu disse me encolhendo cada vez mais já chorando.

- Calma, garota, eu estou me escondendo também, não vou fazer nada... - ele disse simpático.

Fiquei um tempo em silêncio com aquele rapaz sentado ao meu lado.

- O que você está escrevendo? Posso ler?

Eu não sabia se era uma boa ideia, mas ele não sabia qual meu nome então pensei que mal teria? E eu estava com medo ainda.

Entreguei o caderno e fiquei brincando com o pequeno brilhante do anel que eu usava naquele dia. Eu contava que meu pai não era tão limpo em seus negócios quanto eu achava e que isso vinha me fazendo cada dia mais perder o encanto por aquele homem que apesar de eu nunca ter conversado por mais de um minuto eu ainda tinha pelo título que carregava de "pai". Dizia que achava que se ele tivesse sua riqueza usurpada, será que tudo teria sido melhor para nós como família? E que apesar disso eu não sabia se queria viver uma vida simples como a de Bibe, mas que poderia tentar.

- Você é uma garota esperta... - ele disse me devolvendo o caderno. - Qual seu nome?

O olhei de soslaio vendo um pouco seu rosto comum e seus dentes da frente abertos.

- Amber...

Eu ainda não conseguia mentir tão bem naquela época.

- Eu amo esse nome... É o nome da minha irmã, sabia?

O olhei interessada.

- Sério? Eu nunca conheci ninguém com esse nome.

Ele sorriu, um sorriso que à época achei bonito, mas ainda não sabia o que era sedutor. Os cabelos castanhos escuros com um corte mal feito e bagunçado, e aqueles olhos, aqueles olhos castanhos escuros me olhando com um interesse peculiar.

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