Capítulo 76: Fruto do amor

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"Se essa rua, se essa rua fosse minha. Eu mandava, eu mandava ladrilhar. Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes. Para o meu, só para o meu amor passar..."

Eu ninava Rubem em meu ombro enquanto andava por nossa varanda consciente de que Nathaniel nos fitava atentamente chegando em casa no cavalo ao lado de Seu Jorge.

O puerpério não fora tão colorido, afinal, mas também não havia sido de todo cinza, Nathaniel era o melhor pai que eu jamais tivera, ele se levantava nas noites em que o cansaço fazia doer minha cabeça e dava de mamar o leite que eu tirava de meu seio durante o dia, ele estava sempre ninando Rubem ou andando com ele no colo para lá e para cá, e o principal, seu amor por mim parecia ter multiplicado, assim como o meu por ele, com certeza nosso amor havia crescido e algo mais, amadurecido, ainda aprendíamos um sobre o outro todos os dias, mas nosso pequeno menino havia nos ajudado em nossa meninice.

Um dia, fui ao quarto de nosso Rubem esperá-lo despertar para dar de mama e encontrei Nathan a observá-lo dormir seu soninho profundo, ele me olhou e sorriu daquele jeito apaixonado que não mudava, o abracei e ficamos ali fitando o fruto de nosso amor, nos amando e amando aquele pequeno garotinho.

- Ele dormiu agora? - Nathaniel perguntou baixinho ao subir as escadas de nossa varanda.

- Sim, agorinha...

- Quer que eu o coloque no berço? - ele perguntou e eu sabia que ele queria por.

Entreguei-o delicadamente a Nathan, e o segui escada acima até o quarto de Rub, observei da porta ele colocá-lo no berço, beijar-lhe a testa, liguei o ruído branco e saímos do quarto.

- Ele dormiu? - Joana perguntou quando chegamos a sala de volta.

- Sim, mãe, tenho uma reunião em alguns minutos. Onde está Ben?

Joana e Benjamin haviam vindo me ajudar com Rubem quando ele completou dez dias, e desde então estavam conosco, Sérgio e minha mãe vieram visitá-lo, mas voltaram para suas casas em dois dias.

- Está brincando por aí com Luísa, quer que eu fique de olho na babá eletrônica, Am? - Joana perguntou dando pontos e mais pontos em sua linha de crochê.

Os dias eram bem sonolentos em nossa casa, Rubem dormia muito bem, mas sempre que acordava chorava por mama, eu passava meus dias a disposição para dar meu leite, a noite Nathaniel e Joana me ajudavam quando necessário. Ele completaria trinta dias em breve.


Na semana que Rubem completou trinta dias o humor de Nathaniel estava um pouco alterado, ele ainda era carinhoso e me ajudava demais, mas eu percebia que ao final do dia ele já não sorria muito e nem mesmo conversava muito, além disso ele parecia estar sempre entupido de reuniões e papeladas.

Acordei com o chorinho de Rubem pela babá eletrônica, Nathaniel ainda não havia ido para cama, olhei no relógio, já era meia-noite. Vesti meu robe e corri até seu quarto, sentada na poltrona de amamentação dando de mamar Joana apareceu na porta.

- Tudo bem? Precisa de ajuda? - ela perguntou baixinho na escuridão, apenas a luz que entrava pela janela do corredor permitia que nos víssemos, eu mais do que ela, pois meus olhos já estavam habituados com a escuridão.

- Acho que ele já dormiu... Mas obrigada... - eu disse com um sorriso triste.

- Está tudo bem, Am? Tenho percebido você diferente nessa última semana.

Suspirei, Rubem soltou meu peito e eu o aconcheguei em meu ombro para que arrotasse enquanto sussurrava em resposta a Joana.

- Não deve ser nada sério, acho que meus hormônios me fazem pensar coisas demais...

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